A Ópera Metropolitana de Nova Iorque vai esperar pelo resultado de uma investigação às denúncias de assédio sexual feitas sobre o tenor Plácido Domingo, para tomar uma decisão acerca de futuras presenças do cantor nos seus palcos.
A programação da Ópera Metropolitana – que em 2018 despediu o maestro James Levine depois de ter sido acusado de conduta sexual abusiva e de assédio – para a presente temporada inclui atuações de Domingo numa produção de “Madama Butterfly”, em novembro, e enquanto Macbeth, na ópera homónima de Verdi, em setembro e outubro.
A investigação foi anunciada pela Ópera de Los Angeles na sequência das denúncias, de oito cantoras e de uma bailarina, de assédio sexual por parte do tenor espanhol de 78 anos, em situações ocorridas ao longo de mais de três décadas.
A Ópera de Los Angeles, onde Domingo é diretor-geral, anunciou que iria contratar uma equipa legal externa para investigar as “preocupantes alegações” contra o tenor.
“Plácido Domingo tem sido uma força criativa dinâmica na vida da Ópera de L.A. e na cultura artística de Los Angeles por mais de três décadas. Ainda assim, estamos empenhados em fazer todos os possíveis para nutrir um ambiente profissional e colaborativo onde todos os nossos funcionários e artistas se sentem igualmente confortáveis, valorizados e respeitados”, disse a companhia, num comunicado citado pela Associated Press, que publicou, na terça-feira, uma longa investigação, com quase 50 pessoas entrevistadas a confirmarem comportamentos impróprios por parte de Plácido Domingo.
Desde a publicação da investigação, a Orquestra de Filadélfia e a Ópera de São Francisco anunciaram os cancelamentos das atuações programadas de Domingo, enquanto o Festival de Salzburgo, na Áustria, decidiu manter os concertos previstos, tendo a presidente do evento, Helga Rabl-Stadler, sublinhado o “tratamento apreciativo [de Domingo] para com todos os funcionários do festival”.
Seis outras mulheres relataram à AP avanços que lhes causaram desconforto, em particular uma cantora que Plácido Domingo repetidamente convidou para sair, depois de a ter contratado para uma série de concertos na década de 1990.
Adicionalmente, quase 30 outras pessoas ligadas à indústria musical, desde cantoras a músicos de orquestra, passando por professores de canto e administradores, confirmaram ter testemunhado comportamentos impróprios de índole sexual por parte do cantor espanhol, que atualmente conta 78 anos.
Das nove pessoas que acusam o cantor, apenas a meio soprano Patricia Wulf aceitou divulgar o seu nome, tendo as restantes pedido anonimato por temer represálias profissionais e pessoais.
Sete das nove mulheres disseram acreditar que as carreiras sofreram por terem rejeitado os avanços sexuais de Plácido Domingo.
Contactado pela AP, Placido Domingo não respondeu às questões específicas sobre as acusações, declarando que “as alegações destas pessoas, cujo nome não é divulgado e que remontam até há 30 anos, são profundamente perturbadoras e – da forma como são apresentadas – imprecisas”.
“Ainda assim, é doloroso ouvir que posso ter incomodado alguém ou causado desconforto, não importa há quanto tempo e apesar das minhas melhores intenções. Acreditei que todas as minhas interações e relações foram sempre bem-vindas e consensuais. Quem me conhece ou trabalhou comigo sabe que não sou alguém que intencionalmente magoasse, ofendesse ou embaraçasse outra pessoa”, acrescentou o cantor, que diz que “as regras e padrões” de hoje são “muito diferentes do que foram no passado”.