Documentos oficiais divulgados este domingo pelo jornal Sunday Times alertam que uma saída do Reino Unido da União Europeia (UE) sem acordo vai implicar um período de escassez de combustível, alimentos e medicamentos e o caos nos portos britânicos.

O novo primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, prometeu que o Reino Unido vai sair da UE a 31 de outubro, com ou sem acordo.

Dadas as dificuldades que se colocam a uma renegociação do acordo fechado com Bruxelas pela ex-primeira-ministra Theresa May nas 10 semanas que faltam até 31 de outubro, data prevista para o ‘Brexit’, a possibilidade de uma saída sem acordo parece a mais provável.

O Sunday Times publicou o que afirma ser um estudo confidencial do executivo sobre as consequências mais prováveis de sair sem acordo.

Segundo o relatório, uma saída abrupta pode levar à escassez de alimentos frescos e a perturbações “significativas” no fornecimento de medicamentos, que podem prolongar-se por seis meses.

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É também possível que se verifique escassez de água, devido a possíveis interrupções na importação de químicos para o tratamento das águas.

O documento estima também que até 85% dos camiões que atravessam o Canal da Mancha “podem não estar preparados” para as formalidades das alfândegas francesas, o que provocaria longas filas que podem prolongar-se por dias e, consequentemente, graves perturbações no tráfego dos portos britânicos durante meses.

Cerca de 75% dos medicamentos chegam ao Reino Unido através do Canal da Mancha, o que “os torna particularmente vulneráveis a atrasos graves”.

As dificuldades que se colocam ao Reino Unido em caso de ‘Brexit’ sem acordo têm sido avaliadas regularmente em estudos académicos e de associações empresariais ou outras, mas têm sido repetidamente desvalorizadas e qualificadas de alarmistas pelos defensores da saída do país da UE.

O Governo britânico não respondeu a um pedido de comentário do jornal.

O ministro para o ‘Brexit’, Steve Barclay, assinou hoje a ordem que revoga a Lei das Comunidades Europeias de 1972, que determinou a adesão do Reino Unido à então Comunidade Europeia e transferiu toda a legislação da UE para o direito britânico.

A ordem produzirá efeito quando o Reino Unido formalizar a saída da UE.

Em comunicado, o Governo britânico qualificou a assinatura de “passo histórico” na recuperação do poder nacional sobre a legislação.

“Estamos a assumir o controlo das nossas leis, como decidiram os britânicos no referendo de 2016”, lê-se no comunicado.

Barclay frisou ainda que este passo “é um sinal claro” para todos os britânicos de que “não há volta atrás” e que o país vai sair da UE a 31 de outubro.