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Uribe, a balança invisível que teima em decidir sem que ninguém dê por ele (a crónica do FC Porto-Santa Clara)

Este artigo tem mais de 5 anos

O médio colombiano terminou o jogo com o Santa Clara a liderar em desarmes, interceções e recuperações mas passa sempre despercebido. O FC Porto chegou à quinta vitória consecutiva para a Liga.

O colombiano chegou esta temporada ao Dragão
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O colombiano chegou esta temporada ao Dragão

Getty Images

O colombiano chegou esta temporada ao Dragão

Getty Images

Para as equipas portuguesas, existem várias maneiras de encarar as competições europeias. Primeiro, de forma transversal, Benfica, FC Porto e Sporting — e ainda as outras duas equipas que disputam o acesso à Liga Europa — olham para a Europa como um possível e importante financiamento para a temporada seguinte. Depois, a partir daí, as perspetivas separam-se entre as equipas que querem lutar por tudo o que for possível nas competições europeias, as equipas que não demonstram ressalvas em mostrar que colocam os objetivos internos como prioridade e ainda as equipas que tentam balançar resultados positivos lá fora com a manutenção da competitividade cá dentro.

Ora, se o Benfica vive atualmente uma espécie de bipolaridade entre discursos e ações, já que Luís Filipe Vieira e Rui Costa repetem a existência de um projeto europeu a longo prazo mas Bruno Lage aplica sempre uma rotatividade elevada na Europa — mesmo que considere que não são “poupanças” –, o Sporting está nesta altura mergulhado numa fase de crise em que qualquer vitória, seja onde for, surge como uma injeção de confiança importante. Já o FC Porto, não só agora como desde há vários anos, não esconde a vontade e a quase inevitabilidade de tratar as competições europeias, seja Liga dos Campeões ou Liga Europa, como uma das traves mestras na preparação da temporada.

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Ficha de jogo

FC Porto-Santa Clara, 2-0

6.ª jornada da Primeira Liga

Estádio do Dragão, no Porto

Árbitro: Luís Godinho (AF Évora)

FC Porto: Marchesín, Corona (Mbemba, 76′), Pepe, Marcano, Manafá, Otávio, Danilo, Matheus Uribe, Luis Díaz (Nakajima, 67′), Marega, Zé Luís (Soares, 83′)

Suplentes não utilizados: Diogo Costa, Bruno Costa, Fábio Silva, Romário Baró

Treinador: Sérgio Conceição

Santa Clara: Marco, Patrick, César, João Afonso, Fábio Cardoso, Zaidu, Francisco Ramos (Bruno Lamas, 75′), Rashid, Carlos Júnior (Schettine, 45′), Zé Manuel (Lincoln, 59′), Thiago Santana

Suplentes não utilizados: André Ferreira, Pineda, Nené, Candé

Treinador: João Henriques

Golos: Zé Luís (15′), César (ag, 41′)

Ação disciplinar: cartão amarelo a Zaidu (34′), Zé Manuel (40′), Corona (67′), Otávio (87′), Pepe (88′), Fábio Cardoso (89′), Patrick (90+6′), Nakajima (90+7′)

Esta época, mesmo falhando o acesso à Champions — a reação de Sérgio Conceição à eliminação com o Krasnodar mostrou exatamente essa linha de raciocínio, com o treinador a explicar que o clube não iria estar “onde deve estar” –, o FC Porto não hesitou em dizer desde logo que a conquista da Liga Europa é uma possibilidade a ter em conta. Assim sendo, a meio da semana contra os suíços do Young Boys, Conceição colocou em campo os habituais titulares e só trocou Zé Luís por Soares, numa alteração que até deu frutos, já que o brasileiro bisou e garantiu a vitória. Três dias depois, ao longo daquela que é a primeira semana da temporada com jogos de três em três dias (esta semana há Taça da Liga), o FC Porto recebia o Santa Clara para o Campeonato e Sérgio Conceição voltava a trocar apenas Soares por Zé Luís. Wilson Manafá também saltava para o onze mas por necessidade, já que Alex Telles foi expulso contra o Portimonense e estava castigado.

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Com dois laterais adaptados, Manafá na esquerda e Corona na direita, o FC Porto voltava a ter Otávio em vez de Romário Baró no meio-campo e enfrentava este domingo um Santa Clara que ainda não tinha sofrido golos fora de casa mas que atuava com uma linha defensiva de cinco. Ainda assim, antevia-se que o sistema tático da equipa de João Henriques se fosse converter várias vezes para um setor de quatro no meio-campo, com Zaidu e Patrick a aparecerem junto à linha em zonas mais ofensivas. Os dragões entraram no jogo de forma bastante assertiva e somaram seis remates no primeiro quarto de hora, sendo que quatro deles foram enquadrados com a baliza de Marco. A manter o conjunto açoriano bem longe da grande área de Marchesín, a equipa de Sérgio Conceição acabou por chegar à vantagem de forma simples, com um cruzamento de Danilo na direita que descobriu Zé Luís na pequena área; o avançado cabo-verdiano nem precisou de tirar os pés do chão para, sozinho, inaugurar o marcador e igualar Pizzi enquanto melhor marcador da Liga, com seis golos (15′).

Depois do golo, e apesar de manter a posse de bola de forma natural, o FC Porto recuou um pouco as linhas, rendilhou mais o jogo e procurou o segundo golo a média velocidade, sem arriscar demasiado para não abrir espaços nas costas. Ao chegarem à meia-hora com 10 ações com bola no interior da área de Marco contra zero do Santa Clara na área de Marchesín, os dragões estavam confortáveis na partida e iam vendo os minutos passar, sem grande necessidade de colocar mais velocidade nas transições. O aumentar da vantagem apareceu naturalmente, depois de um livre batido na direita, com César a acabar por fazer autogolo quanto tentava aliviar (41′). Na ida para o intervalo, o Santa Clara precisava de ser mais incisivo na primeira fase de pressão se quisesse voltar a discutir o resultado, já que o FC Porto estava a avançar sem qualquer oposição ao longo do meio-campo adversário e empurrava as linhas açorianas para trás até entrar dentro da grande área.

No regresso para a segunda parte, João Henriques trocou Carlos Júnior por Guilherme Schettine, um jogador de pendor claramente mais ofensivo, e mostrou que o objetivo do Santa Clara era voltar de forma diferente. A equipa açoriana mostrou-se mais ligada ao jogo, a desenvolver o tipo de pressão imediata que foi simplesmente inexistente na primeira parte e a tentar chegar mais perto da grande área adversária: demorou apenas dois minutos a fazer dois remates depois de ter saído da primeira parte com apenas um. Beneficiando também da permissão do FC Porto, que desceu as linhas da primeira para a segunda parte e estava com algumas dificuldades para manter a bola durante longos períodos de tempo, os açorianos viram Lincoln entrar para o lugar de Zé Manuel para refrescar a frente de ataque mas não desmontaram o sistema com três centrais.

[Carregue nas imagens para ver alguns dos melhores momentos do FC Porto-Santa Clara:]

Numa altura em que a equipa até recebeu uma boa notícia — Corona viu amarelo por simulação depois de Luís Godinho consultar as imagens do VAR, já que numa primeira fase o árbitro assinalou grande penalidade –, o Santa Clara perdeu o norte e desorganizou-se, entrando numa espiral de erros, passes falhados e desconcentrações que quase originaram o terceiro golo dos dragões. O período de incerteza, enquanto Luís Godinho avaliava o lance, desligou a intensidade de uma equipa que não estava a permitir que o FC Porto pensasse nem que tivesse tempo para construir de forma ponderada. Em menos de dois minutos, Marco evitou o bis de Zé Luís, o avançado cabo-verdiano cabeceou por cima, Danilo também ficou perto do terceiro de cabeça e Nakajima, acabado de entrar, viu a bola passar ao lado do poste da baliza açoriana.

O período mais anárquico da partida não trouxe frutos mas o Santa Clara não conseguiu voltar a reconectar-se por inteiro com as ocorrências, já que o FC Porto empreendeu aquilo que tem faltado nas últimas partidas e soube gerir a vantagem, a pensar ainda no desgaste do jogo da Liga Europa e no encontro a meio da semana, novamente com os açorianos mas para a Taça da Liga. A equipa de Sérgio Conceição somou a quinta vitória consecutiva para a Primeira Liga, sexta em todas as competições, igualou o Benfica na classificação e fica agora à espera de ver o que faz o Famalicão esta segunda-feira em Alvalade para perceber se é ou não líder da tabela.

O FC Porto, que nas últimas semanas tem sido pouco constante, pouco ponderado, pouco equilibrado, garantiu este domingo uma vitória que poderia ter sido ameaçada na segunda parte mas não foi porque os dragões souberam gerir mesmo quando não tinham bola. Esse equilibrar da balança, uma espécie de pêndulo que tanto defende como constrói o ataque e é uma sombra invisível raramente mencionada mas fulcral, em tudo se deve a Uribe: o médio colombiano que chegou para substituir Herrera entrou diretamente para o onze de Sérgio Conceição, é imprescindível para o treinador português e tem terminado os jogos enquanto líder absoluto em desarmes, recuperações de bola e interceções. É a orientação de que Otávio necessita, o apoio que Romário Baró ainda pede, um companheiro ao nível de Danilo e o jogador certo para estar à frente de Pepe e Marcano. E entretanto, já tem lugar cativo na equipa tipo do FC Porto que vai ter de se desdobrar entre Liga Europa, Primeira Liga, Taça de Portugal e Taça da Liga.

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