O Presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, estreou-se a discursar na Assembleia Geral das Nações Unidas para dizer que apresenta “um novo Brasil, que ressurge depois de estar à beira do socialismo” e onde voltou a atacar os países que criticaram a sua gestão da Amazónia, fortemente atingida por incêndios ao longo de agosto.

“Apresento aos senhores um novo Brasil, que ressurge depois de estar à beira dos socialismo. Um Brasil que está a ser reconstruído a partir dos anseios e ideias do povo brasileiro”, disse Jair Bolsonaro, num país que começou com um tom fortemente ideológico, onde atacou Cuba, Venezuela e também as Nações Unidas.

“Em 2013, um acordo entre o governo petista e a ditadura cubana trouxe ao Brasil 10 mil médicos sem nenhuma confirmação profissional. Foram impedidos de trazer cônjuges e filho, tiveram 65% dos seus salários confiscados pelo regime e privados de direitos fundamentais, como ir e vir. Um verdadeiro trabalho escravo, acreditem. Respaldado por entidades do Brasil e da ONU”, referiu o Presidente do Brasil.

Porém, o prato forte do discurso de Jair Bolsonaro, e o tema que levou o seu nome e do Brasil a ter atenção mundial, foi a Amazónia.

“Problemas qualquer país os tem. Contudo, os ataques sensacionalistas que sofremos por grande parte dos media internacionais devido aos focos de incêndio na Amazónia despertaram o nosso sentimento patriótico. É uma falácia dizer que a Amazónia é património da humanidade, é um equívoco dizer que a Amazónia, a nossa floresta, é o pulmão do mundo”, disse.

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Sem referir França ou Emmanuel Macron, Jair Bolsonaro deixou várias farpas ao Presidente gaulês. “Um país, em vez de ajudar, embarcou nas mentiras dos media e portou-se de forma desrespeitosa e de forma colonialista”, disse o Presidente do Brasil. “Um deles, ousou sugerir a aplicação de sanções ao Brasil sem sequer nos ouvir.”

Jair Bolsonaro deixou ainda um agradecimento exclusivo a Donald Trump, referindo que este “sintetizou o espírito que deve reinar entre os países da ONU: respeito à liberdade e à soberania de cada um de nós”.

O Presidente do Brasil falou ainda sobre a questão das reservas indígenas, cuja diminuição e possível erradicação fazia parte do seu programa eleitoral. “É preciso entender que os nossos nativos são seres humanos, exatamente como qualquer um de nós”, disse. E voltou a atirar contra parte da comunidade internacional: “Usados como peça de manobra por governos estrangeiros na sua guerra informativa, para alcançar os seus interesses na Amazónia”.

“Infelizmente, algumas pessoas de dentro e fora do Brasil, apoiadas pelas ONG, tentam manter os nossos índios como verdadeiros homens das cavernas”, referiu.

“A ONU teve um papel fundamental na superação do colonialismo e não pode deixar que ele regresse a esta sala e seus corredores sobre qualquer pretexto”, acrescentou o chefe de Estado brasileiro.

Houve ainda tempo para Jair Bolsonaro falar sobre aquilo que diz ser a “expulsão da ideologia” de vários âmbitos da vida socio-política brasileira.

“O politicamente correto passou a dominar o debate público para expulsar a racionalidade e substituí-la pela manipulação, repetição de clichés e pelas palavras de ordem. a ideologia entrou na alma humana para dela expulsar Deus e a dignidade com que Ele nos revestiu”, disse, sobre os tempos que lhe antecederam.

E referiu ainda o atentado de que foi vítima, durante a campanha eleitoral de 2018. “Fui cobardemente esfaqueado por um militante de esquerda e só sobrevivi pela graça de Deus. Agradeço a Deus pela minha vida”, rematou.

O tema do debate geral da 74ª Assembleia Geral das Nações Unidas é “Esforços multilaterais para a erradicação da pobreza, educação de qualidade, ação climática e inclusão”.