“Todos os dias ouvimos notícias catastróficas sobre a situação ambiental e quisemos agir de alguma forma. Esta exposição partiu, a cima de tudo, de uma preocupação individual”, começa por explicar Teresa Santos, em entrevista ao Observador. Com 25 anos, formada em Ciências da Comunicação, Teresa juntou-se a José Guilherme Marques, fotógrafo, para organizar “Já podemos entrar em pânico?”, uma mostra coletiva de protesto que se alia a outras ações desenvolvidas na cidade em plena Semana Mundial pelo Clima, onde o momento alto é a greve geral que acontece esta sexta-feira, na Praça da República.

Com o objetivo de apelar a uma consciência ambiental e incentivar à manifestação coletiva, Teresa Santos e Guilherme Marques convidaram 21 ilustradores e designers, maioritariamente portugueses, para de uma forma livre traduzirem graficamente as suas preocupações sobre a crise climática. O desaparecimento dos glaciares, a pegada carbónica dos aviões ou a importância de usar a bicicleta como meio de transporte são alguns temas abordados em peças que vão das pinturas em madeiras aos cartazes impressos, passando ainda por t-shirts.

“Já percebemos que não é só por reciclarmos ou deixarmos de usar palhinhas de plástico que as coisas vão realmente mudar. É preciso que 99% da população entre em pânico e exija uma mudança drástica ao modelo capitalista, de crescimento ilimitado num planeta de recursos limitados”, pode ler-se na página oficial do evento.

O holandês Jordy van den Nieuwendjk e a americana Lulu Wolf são os nomes internacionais presentes na mostra, que conta ainda com portugueses artistas portugueses como Mariana a Miserável, Lourenço Providência, biakosta, Cinara Saiónára e Elleonor, Angelina Velosa, Eva Evita, João Castro, João Drumond, João Fazenda, Margarida Olo, Mariana Malhão, Nicolau, Rui Lisboa, Sérgio Alves, Susa Monteiro, Teresa Arega e Tomba Lobos. “No dia da greve geral pelo clima, na sexta-feira, as pessoas vão poder usar os materiais que estarão disponíveis no local da exposição e fazer o seu próprio cartaz, para depois o levarem para a rua”, adianta Teresa Santos, ao Observador.

“Já podemos encontrar em pânico?” realiza-se no Instituto, no Porto, até dia 28 de setembro e no futuro a intenção da organização é levar esta iniciativa mais longe, replicando a exposição noutras cidades e desdobrar a ação para um evento com uma programação mais alargada, com direito a talks, workshops, materclasses. “A nossa ideia é alargar a dimensão desta crise climática, uma vez que ela toca também em áreas como a política, a economia ou a educação. A cultura e a arte são fundamentais para olharmos e entendermos esta revolução que está a acontecer”, conclui Teresa Santos.

Rua dos Clérigos, 44. Horário: das 10h às 18h

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