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Um clube que tornou a cura de todos os males na pior doença (a crónica do Sporting-Rio Ave)

Este artigo tem mais de 4 anos

Nas últimas duas épocas, o Sporting aproveitou a Taça da Liga para aliviar as tensões da primeira metade do ano. Agora, com a derrota com o Rio Ave, a Taça da Liga foi o culminar de todos os males.

Bruno Fernandes marcou o golo dos leões contra o Rio Ave
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Bruno Fernandes marcou o golo dos leões contra o Rio Ave

Getty Images

Bruno Fernandes marcou o golo dos leões contra o Rio Ave

Getty Images

No último ano e meio, mais coisa menos coisa, uma crónica sobre um jogo do Sporting raramente é uma crónica apenas sobre um jogo do Sporting. No último ano e meio, mais coisa menos coisa, uma crónica sobre um jogo do Sporting torna-se o pretexto perfeito para abordar a semana do universo leonino, mais vezes atribulada do que tranquila, mais vezes recheada de coisas para contar do que de períodos mortos. No último ano e meio, mais coisa menos coisa, uma crónica sobre um jogo do Sporting é muito mais do que uma crónica sobre um jogo do Sporting.

E esta, sobre o jogo desta quinta-feira com o Rio Ave, não é exceção. Na antecâmara da receção à equipa de Carlos Carvalhal, no arranque da fase de grupos da terceira competição interna, que o Sporting conquistou nas últimas duas temporadas, a temperatura dos corredores de Alvalade indicava a margem de erro dos leões: ou a ausência de margem de erro dos leões. Contra o Rio Ave, e mesmo a contar para a Taça da Liga, qualquer coisa que não uma vitória ao fim dos 90 minutos seria o gatilho para mais um capítulo da série a que o Sporting assiste há ano e meio, mais coisa menos coisa. A derrota contra o Famalicão, no início da semana, abriu de vez feridas que nunca estiveram fechadas e os relatos de elementos das claques a forçar a entrada nas garagens do estádio recordaram memórias — e mágoas — recentes. Com o Rio Ave, era necessário ganhar para serenar ânimos. Mesmo com a noção latente e constante de que uma vitória não iria solucionar problemas, eclipsar dilemas e resolver dossiês, a verdade é que existia a ideia comum de que é mais fácil caminhar sobre resultados positivos do que sobre derrotas.

Ficha de jogo

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Sporting-Rio Ave, 1-2

Fase de grupos da Taça da Liga

Estádio de Alvalade, em Lisboa

Árbitro: Manuel Mota (AF Braga)

Sporting: Luís Maximiano, Rosier, Ilori, Neto, Borja, Battaglia (Eduardo, 45′), Acuña, Wendel (Luiz Phellype, 76′), Bruno Fernandes, Jesé (Jovane, 84′), Vietto

Suplentes não utilizados: Renan, Gonzalo Plata, Mathieu, Miguel Luís

Treinador: Leonel Pontes

Rio Ave: Paulo Vítor, Borevkovic, Messias, Junio, Diogo Figueiras (Carlos Mané, 66′), Tarantini (Felipe Augusto, 45′), Jamor, Pedro Amaral, Gabrielzinho, Ronan (Bruno Moreira, 66′), Piazón

Suplentes não utilizados: Kieszek, Nuno Santos, Vitó

Treinador: Carlos Carvalhal

Golos: Ronan (32′), Bruno Fernandes (35′), Piazón (83′)

Ação disciplinar: cartão amarelo a Borja (58′), Bruno Fernandes (73′), Felipe Augusto (73′)

Assim sendo, e depois de quatro jogos seguidos sem vencer — Rio Ave, Boavista, PSV e Famalicão –, o Sporting recebia os vilacondenses naquele que poderá ter sido o último jogo de Leonel Pontes ao comando da equipa principal leonina: contra a equipa que venceu em Alvalade para a Liga há algumas semanas, naquele que acabou por ser o último jogo de Marcel Keizer. Com Silas praticamente fechado como sucessor, o treinador realizou a derradeira convocatória com a certeza, ao que tudo indica, de que vai permanecer no clube (o regresso aos Sub-23 é o cenário mais do que provável). Coates, que nos últimos quatro jogos fez três penáltis, marcou dois autogolos e viu um cartão vermelho, saía das opções, assim como o avançado Bolasie; regressavam, no sentido oposto, Bruno Fernandes e Luiz Phellype, já que um falhou a receção ao Famalicão por castigo e o outro tem estado lesionado.

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Leonel Pontes oferecia então a estreia absoluta a Luís Maximiano, que aparecia no lugar de Renan na baliza, e ainda a primeira titularidade a Jesé. Tiago Ilori e Luís Neto formavam uma dupla inédita de centrais, Rosier e Borja eram os laterais, Battaglia atuava numa zona mais recuada do meio-campo, atrás de Bruno Fernandes, Wendel e Acuña, e Vietto fazia companhia a Jesé na frente de ataque. O Sporting começou melhor, com muita mobilidade no setor mais adiantado, tanto com o argentino e o espanhol a aparecerem pela faixa central e tombados nos corredores como com Bruno Fernandes a oferecer linhas de passe entre o central e o lateral.

Os leões poderiam ter inaugurado o marcador logo no arranque, quando Vietto descobriu Bruno Fernandes na cara de Paulo Vítor, mas o capitão leonino atirou ao lado (3′). A equipa de Leonel Pontes esteve novamente perto de marcar noutras duas ocasiões, ambas por intermédio de Vietto (9′ e 11′), mas o Rio Ave conseguiu reposicionar-se a partir do primeiro quarto de hora, altura em que começou a resguardar a posse de bola e a olhar de frente para a partida. A atuar com três centrais e dois homens, Pedro Amaral e Diogo Figueiras, responsáveis pelas alas, o conjunto de Carlos Carvalhal começava a construir precisamente a partir desse setor mais recuado e aproveitava os dois elementos dos corredores para ligar a linha defensiva à intermédia. Jesé e Vietto, que deviam cumprir a função de primeira barreira de oposição ao adversário, não conseguiam impedir o avanço dos vilacondenses e o Rio Ave chegava com alguma facilidade ao meio-campo defensivo leonino — ainda que, durante toda a primeira parte, tenham estado mais preocupados em defender bem do que propriamente em atacar.

[Carregue nas imagens para ver alguns dos melhores momentos do Sporting-Rio Ave:]

A equipa de Vila do Conde acabou por chegar à vantagem na primeira ocasião de que beneficiou: Wendel perdeu a bola na zona do meio-campo, Rosier estava fora da posição, Ronan soltou-se em velocidade pela esquerda do ataque e rematou em força e na diagonal já no interior da grande área (32′). Ainda assim, o Sporting demorou muito pouco a repôr a igualdade, já que Bruno Fernandes empatou a partida de livre direto apenas três minutos depois (35′), num lance em que a bola desviou num defesa do Rio Ave e traiu Paulo Vítor. Na ida para o intervalo, com tudo empatado — e já depois de Battaglia sair com dificuldades físicas para entrar Eduardo –, os leões precisavam de entrosar melhor os dois homens da frente com Bruno Fernandes e Wendel (que também não estavam a atravessar uma noite de grande entendimento) e de ser mais eficazes na zona inicial de pressão para não permitir calafrios na grande área de Maximiano. Sob umas bancadas de Alvalade que assobiavam e não perdoavam cada perda de bola, cada desentendimento, cada erro, o Sporting sofreu um golo pelo 13.º jogo consecutivo e tinha 45 minutos para evitar o quinto jogo seguido sem vencer.

Na segunda parte, Carlos Carvalhal trocou Tarantini por Felipe Augusto mas foi o Sporting quem entrou melhor, com Rosier a acertar no poste logo no primeiro minuto. Os leões conseguiram criar lances perigosos de forma consecutiva, algo que não tinham alcançado até ao intervalo, sempre com Bruno Fernandes em evidência e com Jesé a fugir da direita para a faixa central, terreno onde parece surgir muito mais confortável.

O ímpeto ofensivo do Sporting foi esmorecendo com o passar dos minutos e o adiantar do relógio ia intensificando as emoções em Alvalade — tanto nas bancadas, onde os assobios e os pedidos de demissão de Frederico Varandas se tornavam mais frequentes, como no relvado, onde os jogadores leoninos já ferviam em pouca água e originavam situações de confronto com os adversários. Leonel Pontes trocou Wendel e Jesé por Luiz Phellype e Jovane, deixando Gonzalo Plata no banco, e a equipa leonina ia perdendo discernimento, clareza e critério, apesar das tentativas de Bruno Fernandes e da boa exibição de Rosier, que voltou a deixar boas indicações, principalmente no prisma ofensivo.

Já nos últimos dez minutos e depois de Vietto desperdiçar uma boa oportunidade na cara de Paulo Vítor (68′), o Rio Ave voltou a chegar à vantagem através de uma das únicas ocasiões que criou no segundo tempo e por intermédio de várias ações de insistência: Luís Maximiano defendeu um primeiro remate e a bola sobrou para Piazón, que atirou para uma baliza praticamente deserta (83′). Mesmo com oito minutos de tempo extra, face às diversas interrupções no segundo tempo, o Sporting não conseguiu voltar a repôr a igualdade, perdeu pelo terceiro jogo consecutivo, não conseguiu ganhar pelo quinto jogo seguido e Leonel Pontes sai sem vitórias no comando técnico da equipa principal dos leões. Silas, caso se confirme o cenário da chegada do antigo treinador do Belenenses SAD, chega a Alvalade numa das piores fases do Sporting neste último ano e meio, mais coisa menos coisa. E a Taça da Liga, que nas últimas duas temporadas foi o aliviar da tensão que se vivia numa primeira metade da época, tornou-se o culminar de todos os males.

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