A espera foi até ao último segundo. O que começou por ser apenas uma possibilidade das sondagens das últimas duas semanas acabou por acontecer: com 1,3%, 66.442 votos, o partido Chega elegeu um deputado nas eleições legislativas e a extrema-direita tem agora assento no Parlamento.

Até essa confirmação, porém, a noite no Novotel, na Avenida José Malhoa, foi calma. André Ventura foi falando com os jornalistas, mas sempre com um discurso cuidado, sem grandes celebrações ou suposições e sempre à espera dos resultados finais.

André Ventura foi o deputado eleito pelo Chega para o Parlamento

Foi essa a cautela que manteve nas primeiras declarações, por volta das 21h30: o candidato e presidente do Chega admitia que os dados das projeções apontavam para a sua eleição, mas ainda não era “100% seguro”. André Ventura sabia que não era o único a olhar com atenção para os resultados. Talvez por isso tenha aproveitado para dizer que sabia que, para um partido com as características do Chega, eleger um deputado era algo único, mas que não havia razão para “alarmismos”, descrevendo o Chega como um partido democrático “que quer fazer mais e melhor”.

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A prudência duraria mais três horas, numa corrida taco-a-taco com o Livre pelo lugar de Lisboa. Perto das 00h30 chegava a confirmação — nos dados oficiais e na celebração na sala, com aplausos e gritos de “Chega”. André Ventura já não estava sozinho na sala de imprensa, em frente aos jornalistas, mas rodeados de apoiantes em festa.

André Ventura, juntamente com os apoiantes do partido, durante o discurso final

“Há 15 dias diziam que não tínhamos hipótese alguma. Há uma semana, a hipótese era quase zero. Ontem diziam que o perigo estava a chegar. Hoje, o Chega é o partido pequeno mais votado de Portugal”, sublinhou.

Sem ignorar o que o resultado representa, para um país que manteve a extrema-esquerda afastada do parlamento desde a democracia — “Pela primeira vez em 45 anos, o país não teve medo de votar num partido verdadeiramente de direita” — o dirigente do Chega apontou às bandeiras do partido — “Chega de corrupção!” —, garantindo que o problemas de que falou em campanha não vão ser ignorados.

Nem agora, nem no futuro em que Ventura já vê o pequeno partido ser muito grande: “Garanto-vos que, daqui a oito anos, seremos o maior partido de Portugal”, disse, numa das frases mais marcantes de um discurso que terminaria ao som do hino nacional.

[Começa agora a prova dos nove. O filme da noite eleitoral]