O festival internacional de banda desenhada AmadoraBD, que começa no dia 24, cumpre uma data redonda com a 30.ª edição, mas internamente vive um momento de transição, com mudanças na direção e no modelo de programação.

“O festival tem muito potencial, mas este ano não tivemos tempo de pensar em estratégias. Esta é uma fase de transição, é tipo um ‘ano zero'”, afirmou à agência Lusa a nova diretora criativa do festival, Lígia Macedo, que substitui Nelson Dona, que esteve à frente do festival durante duas décadas.

Lígia Macedo é uma escolha interna da Câmara Municipal da Amadora — organizadora do festival — e era até agora responsável pelas relações internacionais do evento, no contacto com autores, colecionadores, galerias e museus.

Este ano o festival apresenta algumas mudanças estruturais, apontadas pela diretora. Será mais curto, porque termina a 03 de novembro, não terá um tema central, as exposições concentrar-se-ão todas no Fórum Luís de Camões, haverá menos prémios sobre o ano editorial e uma separação de júris para banda desenhada e ilustração.

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“Encurtar foi uma decisão política, para experimentar”, não só para reduzir custos como também para “perceber se o público se concentra nestes 10 dias em vez do 17”, disse, referindo que o orçamento para esta edição ronda os 400 mil euros.

Nas últimas semanas, a organização foi divulgando nas redes sociais várias informações sobre a programação, sabendo-se que Jorge Coelho assina a imagem gráfica do AmadoraBD e terá uma exposição individual.

Estão previstas 20 exposições no Fórum Luís de Camões, entre as quais “Stan Lee — O mito e as criações”, dedicado ao editor e autor norte-americano, que morreu em 2018, e “Geraldes Lino visto pelos amigos”, numa homenagem a uma das figuras de divulgação da BD nacional que morreu este ano.

O autor espanhol Alfonso Font, um dos nomes ligados à série “Tex” estará na AmadoraBD por causa de uma exposição que lhe é dedicada, em parceria com o Clube Português de Banda Desenhada.

Ao nível das exposições, um dos pilares do festival, há algumas mudanças introduzidas.

“Deixamos de ter as exposições dedicadas aos prémios, aos livros e autores premiados na edição anterior. Decidimos desafiar os editores e os livreiros que estão presentes com ‘stand’ a fazerem-nos uma proposta de exposição”, explicou Lígia Macedo.

Assim, estarão presentes exposições organizadas, por exemplo, pela Chili Com Carne, com uma coletiva dos autores Xavier Almeida, Tiago Baptista e Mariana Pita, pela Polvo com a mostra dedicada ao livro “Grande”, de André Ducci, a lançar durante o festival, e três exposições do recente coletivo editorial A Seita, com álbuns de Zé Burnay, José Nuno Fraga e de Mauro Boselli com Michele Cropera.

Os outros dois pilares do AmadoraBD são a zona comercial e a zona de autógrafos e ambas serão alargadas, porque “há cada vez mais editores e livreiros interessados em ter um espaço no festival”, disse Lígia Macedo.

Entre os autores confirmados estão Marjolaine Leray e Susa Monteiro – autoras com duas exposições de ilustração patentes no festival –, Rubén Pellejero, Miguel Mendonça, Keko, Peter Snejbjerg e Tommi Musturi.

No festival será ainda lançada uma antologia no âmbito do projeto “ComEdu: Comics for Education”, financiado pelo Programa Erasmus+, que recorre à BD “para fazer uma abordagem diferente a assuntos de cariz social, político e educativo”.

Os prémios, que habitualmente distinguem livros do ano editorial, também apresentarão mudanças, não tendo sido ainda divulgados os nomeados.

“Retirámos algumas categorias, mudámos a forma como os prémios são votados, como as nomeações são feitas, retiramos a obrigatoriedade das editoras concorrerem e é o júri que faz uma recolha e seleção dos livros que são editados em Portugal”, disse Lígia Macedo.

A cenografia geral do espaço do AmadoraBD terá assinatura da artista plástica portuguesa Joana Vasconcelos.