Os escritores espanhóis Javier Cercas e Manuel Vilas foram, respetivamente, o vencedor e o finalista do Prémio Planeta, um galardão literário concedido pela editora Planeta para melhor romance inédito, no valor de 601 mil euros, foi anunciado.

Trata-se do prémio literário de maior valor pecuniário em Espanha, que recompensa também o finalista com 150.250 euros, informa a imprensa espanhola.

O livro de Manuel Vilas, “Alegria”, já tem publicação garantida em Portugal em 2020, embora ainda não haja data concreta, ao passo que o de Javier Cercas, “Terra Alta”, ainda é uma incógnita, apesar de a editora já ter manifestado interesse na sua publicação.

O romance vencedor, “Terra Alta”, é uma história plena de atualidade, que tem como pano de fundo o processo de independência da Catalunha e um protagonista, chamado Melchor Marín, ex-delinquente, herói nos ataques jihadistas de Cambrils de 2017 e atual ‘mosso d’esquadra’ (Polícia da Catalunha) em Gandesa (Tarragona), que tem como tarefa resolver um triplo homicídio.

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Crítico do movimento pela independência, Javier Cercas, de 57 anos, natural de Ibahernando, em Cáceres, concorreu ao prémio usando o nome do herói do seu romance como pseudónimo e com o título “Cristales rotos”.

Com “Terra Alta”, Cercas regressa à ficção mais pura, na linha dos seus primeiros romances, “El móvil” ou “El inquilino” (publicado em Portugal pela Asa com o titulo “O inquilino”), por contraste com a falsa autoficção de inspiração pós-moderna, patente nos seus trabalhos a partir de “Os soldados de Salamina”, publicado em Portugal na coleção miniatura da Livros do Brasil, chancela da Porto Editora que tem publicado a obra deste escritor, maioritariamente através da Assírio & Alvim.

Este grupo editorial disse à Lusa não poder ainda confirmar se irá editar “Terra Alta” em Portugal, mas adiantou que, à semelhança do que tem vindo a fazer na Assírio & Alvim, terá “naturalmente todo o gosto em publicar este novo livro do Javier Cercas”.

Quanto a Manuel Vilas, também de 57 anos, e natural de Barbastro, em Huesca, ficou a um passo de conquistar o prémio, com um romance que claramente parece ser uma sequela de “Ordesa”, um romance que se tornou sucesso de vendas e que foi publicado em Portugal no início deste ano pela Alfaguara, com o titulo “Em tudo havia Beleza”.

“Alegria” é um livro autobiográfico, no qual o narrador, um escritor de meia-idade que se lamenta pelo passar do tempo e pela perda de entes queridos, tenta escapar da depressão e ser definitivamente feliz.

O narrador e poeta aragonês, que conquistou milhares de leitores com o retrato – de uma tristeza infantil – dos seus pais mortos, concorreu ao prémio com o pseudónimo da atriz sueca Viveca Lindfors, e com o título “Tal como éramos”.

O livro “Alegría” tem já publicação garantida em Portugal em 2020, também pela Alfaguara, embora ainda sem data certa, disse à Lusa a editora.

O prémio Planeta – que conta entre os seus vencedores com nomes como Mario Vargas Llosa, Álvaro Pombo, Antonio Muñoz Molina, Juan José Millás, ou Camilo José Cela — tem estado nos últimos anos arredado de figuras consagradas no meio estritamente literário, premiando autores do âmbito do romance comercial.

Este ano, o prémio voltou-se novamente para o puramente literário, tendo surpreendido com a escolha de dois nomes considerados pesos pesados da narrativa espanhola contemporânea.