The Magician, Death and the Moon

Surrealismo e simbolismo protagonizam um encontro único numa obra não menos distinta. Corriam os anos 70 quando um megalómano produtor de cinema Albert R. Broccoli terá desafiado o pintor catalão para conceber um baralho para o filme Live and Let Die, o primeiro ensaio de Roger Moore como o agente secreto 007. Mas no final, o valor pedido por Dalí terá sido mais surreal que qualquer figura representada neste projeto, motivo para a colaboração cair por terra e para a entrada em cena de outro criador de um baralho de tarot, o mais económico e bastante menos conhecido Fergus Hall. Mas o mestre do surrealismo continuou a empreitada, acolitado pelo gosto pelo esoterismo nutrido pela sua mulher, Gala, e o original deck, com referências religiosas, do ocultismo, e da arte europeia, acabaria mesmo por ser lançado em 1984, já Dalí somava 80 anos. Um conjunto, então disponível em número limitado — e esgotado desde 2014, a versão até aqui mais recente –, que promete agora (re)conquistar público para lá das fronteira dos astros, seduzindo historiadores, colecionadores e simples admiradores das criações artísticas do espanhol. Uma edição com selo Taschen (50 euros) que inclui 78 cartas, um baralho que nesta edição especial se faz acompanhar por um booklet de 184 páginas em língua inglesa e castelhano.

Charles Booth’s London Poverty Maps

Industrial e reformador, ajudou a definir um dos conceitos mais escorregadios, neste caso na cidade de Londres do final do século XIX. Os registos empreendidos por Charles Booth entre 1886 e 1903 permitiram mapear a pobreza na capital britânica no período vitoriano, com um inventário rigoroso das condições de vida e distribuição económica — o mais vasto feito até então, compilado nesse Inquiry into the Life and Labour of the People in London. O seu projeto, originalmente dividido em sete volumes, para uma visão exaustiva das ruas da cidade, de Hammersmith a Greenwich, ganha agora, mais de um século depois — e num só volume — uma edição Thames & Hudson (57 euros) para seguidores da cartografia no geral e dos estudos sociais em particular.

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Cats Photographs 1948-2018

Walter Chandoha está para os gatos como Helmut Newton está para a moda. O seu destino mudou por completo naquele dia em 1949 quando seguia para o seu apartamento e se cruzou com um destes peculiares felinos, apenas o primeiro encontro de uma ligação que se estendeu ao longo de décadas. Da adoção do pequeno Loco, o seu novo amigo, às primeiras imagens recolhidas num abrigo de gatos: estava dado o pontapé de saída para uma fórmula-chave para conquistar a atenção destes modelos — som, paciência e comida. Esta edição da Taschen é uma homenagem ao fotógrafo que morreu em janeiro de 2019, aos 98 anos, deixando um felpudo legado de frames capazes de encantar mesmo quem acusa alergias ou prefere a companhia dos cães, ao longo de 296 páginas que não deixarão a sua sala cheia de pelos.

Dior Moments of Joy

Em francês ou em inglês, as versões disponíveis, o charme mantém-se intocado. Dior confunde-se com elegância e beleza no feminino, mas também com alegria de viver, tal qual uma assinatura a tinta permanente, que recua aos primórdios da maison e desagua em parcerias e rostos mais recentes, como a atriz norte-americana Jennifer Lawrence, cuja imagem se associa à lendária etiqueta. Em 256 páginas com selo Flammarion, de um livro (75 euros) que ainda cheira a fresco, Muriel Teodori revisita o sucesso, as criações e as amizades do mestre gaulês da alta-costura. E ainda esses momentos para mais tarde recordar.

Signature Dishes that Matter

Se adora papar quilómetros para saborear as iguarias de todo o mundo, lembre-se que a história da culinária se perde no tempo e, neste caso em concreto, ao longo de mais de 400 páginas. Os pratos reunidos nesta edição viajam por mais de 300 anos de tradições e preceitos e celebram uma série de receitas icónicas de restaurantes. No volume Phaidon organizado cronologicamente, e para olhos que também comem, há espaço para fine dining e experiências casuais, entre suculentas ilustrações e pequenas prosas recheadas de segredos sobre iguarias como a pizza margherita ou as ostras Rockefeller, só para citar dois dos destaques servidos por Christine Muhlke, Mitchell Davis, e por Adriano Rampazzo.

“Novo em Folha” é uma rubrica que sugere edições recentes ou em pré-encomenda de coffee table books para folhear e decorar