O Presidente da República saudou na noite de domingo a breve passagem por Portugal da ativista ambiental Greta Thunberg, mas não irá cumprimentá-la à Doca de Alcântara, em Lisboa, por considerar que poderia “ser considerado aproveitamento político”.

À margem de uma visita à sede nacional do Banco Alimentar Contra a Fome, na reta final da campanha de recolha de alimentos deste fim de semana, Marcelo Rebelo de Sousa foi questionado sobre a passagem por Portugal da ativista sueca, que deverá chegar a Lisboa na manhã de terça-feira, antes de viajar para Madrid para participar na cimeira sobre as Alterações Climáticas (COP25).

“O presidente da Câmara de Lisboa, e bem, vai recebê-la, tal como os deputados que patrocinam a sua vinda devem receber. Eu aí tenho uma posição mais discreta, que é de entender que é uma grande alegria tê-la entre nós, é um fator de mobilização de todos”, afirmou.

Instado se tenciona ir cumprimentar pessoalmente Greta Thunberg, cujo veleiro irá atracar na Doca de Alcântara, onde dará uma conferência de imprensa, o chefe de Estado admitiu ter hesitado, mas decidido não o fazer.

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“Pensei duas vezes, estar a misturar podia ser considerado um aproveitamento político por mim de uma realidade mais ampla e mais vasta e acho que não tenho esse direito”, justificou.

Na véspera da cimeira de Madrid, o Presidente da República sublinhou que as alterações climáticas são “um tema que interessa a toda a humanidade, não só aos mais jovens”.

“O facto de um dos símbolos dos mais jovens estar entre nós é bom, mas tem de atravessar toda a sociedade. Não podemos fazer disto uma guerra entre mais novos e menos novos, todos têm de perceber que é um problema comum, que tem de ser enfrentado em conjunto”, defendeu.

Greta Thunberg cruzou o Atlântico de barco para participar numa cimeira prévia da ONU em Nova Iorque (convocada pelo secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, em setembro passado) e na COP25 no Chile, mas a alteração inesperada do local obrigou-a a voltar a embarcar, desta vez num catamarã, para fazer a viagem ao contrário e chegar a tempo a Madrid, sem ter de apanhar um avião, e com passagem por Lisboa.

A COP25, que arranca esta segunda-feira e termina em 13 de dezembro, foi transferida de urgência, em 1 de novembro para Madrid, depois de o Chile ter anunciado que renunciava à sua organização, devido a um movimento de contestação social sem precedentes no país.