O antropólogo Benjamim Pereira morreu na quarta-feira, aos 91 anos, em Viana do Castelo, disse esta quinta-feira à agência Lusa o diretor do Museu Nacional de Etnologia, do qual foi fundador e “figura marcante da antropologia em Portugal”.
A notícia foi avançada pelo jornal Público, indicando que Benjamim Pereira morreu no Hospital de Viana do Castelo, ao qual tinha recorrido após doença súbita, segundo Clara Saraiva, presidente da Associação Portuguesa de Antropologia (APA), sua amiga de longa data. Contactado pela Lusa, o diretor do Museu Nacional de Etnologia, em Lisboa, Paulo Costa, disse: “Foi uma pessoa marcante para a antropologia e a museologia em Portugal. Foi um dos grandes edificadores do museu, quer na recolha das coleções portuguesas, quer na investigação”.
Benjamim Pereira tinha completado 91 anos a 25 de dezembro último. Nasceu em 1928, em Carreço (Viana do Castelo), e foi um dos pioneiros da investigação em etnologia e antropologia, através do seu trabalho no Centro de Estudos de Etnologia, e no futuro Museu Nacional de Etnologia, a par de António Jorge Dias, Ernesto Veiga de Oliveira, Jorge Dias, Margot Dias e Fernando Galhano.
Funeral do antropólogo realiza-se sexta-feira em Viana do Castelo
O funeral do antropólogo Benjamim Pereira realiza-se na sexta-feira, às 15h, em Carreço, Viana do Castelo, anunciou hoje a Associação Portuguesa de Antropologia (APA).
De acordo com um comunicado divulgado pela presidente da APA, Clara Saraiva, o corpo do antropólogo, de 91 anos — que faleceu ao fim da tarde de quarta-feira num hospital de Viana do Castelo — estará a partir de hoje à tarde na capela mortuária de Carreço, localidade de onde é natural.
“Foi com imensa tristeza que recebi esta notícia”, comentou Paulo Costa, que trabalhou com o antropólogo a partir de 1993, quando entrou no Museu de Etnologia, e de quem viria a tornar-se amigo.
Benjamim Pereira manteve uma colaboração com o Museu de Etnologia – fundado em 1965 – até 2000, nomeadamente assegurando a realização das exposições como “Memorial de Culturas” (1994), “O Voo do Arado” (1996) e “Instrumentos Musicais Populares Portugueses” (2000), para além da organização das Galerias da Vida Rural (2000), as primeiras reservas visitáveis do museu.
Benjamim Pereira também coordenou o projeto de recolha etnográfica do Museu Abade de Baçal, em Bragança, inaugurado em 2006, colaborou com o Centro Cultural Raiano, em Idanha-a-Nova, com o Museu de Francisco Tavares Proença Júnior e com o Museu do Canteiro, em Alcains, ambos em Castelo Branco.
“Era uma pessoa incansável, disponível, e com imenso saber, a quem os antropólogos recorriam sempre que tinham dúvidas. Deu um grande contributo na década de 1950, para o renascer da antropologia em Portugal, porque deu a conhecer a realidade do país, num trabalho incansável, de grande rigor”, descreveu Paulo Costa à Lusa.
Paralelamente, deixa diversas publicações, entre elas a obra “Tecnologia Tradicional do Azeite em Portugal” (1998), e a colaboração no livro “Uma Imagem da Nação: Traje à Vianesa”, (2009). O livro “Caminhos e Diálogos da Antropologia Portuguesa. Homenagem a Benjamim Pereira” foi editado na sequência de um colóquio de tributo realizado na Fundação Calouste Gulbenkian, em 2010. Foi autor, com Ernesto Veiga de Oliveira, de vários filmes etnográficos, entre os quais “A Dança das Virgens” (1962), “Uma Malha em Tecla” (1970), “São Bartolomeu do Mar” (1970), e “O Linho” (1978).