A ideia de que as relações institucionais entre V. Setúbal e Sporting sairiam beliscadas do jogo deste sábado, que os sadinos quiseram reagendar e os leões quiseram manter inalterado, ficou patente ainda antes do apito inicial. Depois da primeira recusa da cúpula leonina em aceitar o adiamento da partida, o V. Setúbal emitiu um comunicado onde utilizava as palavras “hipocrisia” e “cinismo” para classificar a decisão da Direção de Frederico Varandas. Este sábado, no Bonfim, um quid pro quo entre os dois presidentes acabou por cessar de forma indefinida as relações entre os clubes.

Coates e uma versão diferente de “Contágio” com efeitos retroativos (a crónica do V. Setúbal-Sporting)

De acordo com o jornal Record, Vítor Hugo Valente confrontou Frederico Varandas assim que o presidente leonino entrou na tribuna presidencial do Bonfim e exigiu-lhe explicações. O presidente do V. Setúbal terá realçado principalmente o facto de Varandas, enquanto médico profissional, ter uma responsabilidade acrescida no que toca à proteção da saúde e da integridade física dos atletas. Vítor Hugo Valente não terá gostado do tom utilizado por Varandas na resposta e o ambiente chegou mesmo a aquecer na tribuna, até que o líder sadino optou por deixar o espaço durante alguns minutos. Quando regressou, para assistir a partida que o Sporting acabaria por vencer, sentou-se a algumas cadeiras de distância do presidente leonino, não voltando a interagir com Frederico Varandas.

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No final do jogo, numa comunicação à imprensa que tinha anunciado logo após a discussão com Varandas, Vítor Hugo Valente anunciou então o corte de relações institucionais do Sporting “enquanto este presidente lá estiver”. “A proposta do Sporting não foi digna, a atitude do Sporting e do seu presidente, em vir ganhar três pontinhos contra estes jogadores, não é digna do futebol. Estes jogadores fizeram de tudo, tememos pelas condições deles para o próximo jogo. Como se isto não bastasse, a atitude prepotente, de má educação do senhor presidente do Sporting quando apresentou no camarote, provocadora, que me fez dizer-lhe na cara tudo o que tinha de ouvir. A partir de hoje, enquanto este presidente lá estiver, não mantemos relações institucionais com o Sporting. Este presidente envergonha o futebol e a instituição do Sporting”, atirou Vítor Hugo Valente.

Alguns adeptos do V. Setúbal confrontaram Frederico Varandas ainda antes do apito inicial

“Apresentou uma atitude de prepotência, colocando em causa a alegação que fizemos e do nosso médico. Não é digno de uma situação daquelas. Disse-lhe o que tinha de dizer, ele sabe. A altercação foi a defesa da honra deste clube e desta cidade. Quem nos trata assim aqui é persona non grata“, acrescentou o presidente do V. Setúbal, quando convidado a dar mais pormenores sobre a discussão com Frederico Varandas.

Entretanto, o Sporting já reagiu às declarações de Vítor Hugo Valente e garantiu esperar que a atual Direção sadina deixe o clube em breve, já que o V. Setúbal tem um ato eleitoral agendado para o próximo dia 17 de janeiro. “O ambiente de provocação constante, de insultos e impropérios que foram dirigidos aos membros dos órgãos sociais do Sporting Clube de Portugal durante 90 minutos são inadmissíveis. O Sporting Clube de Portugal só não avança para o corte de relações institucionais por respeito ao Clube e à sua História e porque tem a expectativa que as pessoas que o dirigem deixem de o representar até final do mês”, pode ler-se na nota divulgada pelo clube de Alvalade.

Numa linha de pensamento semelhante à de Vítor Hugo Valente, também Julio Velázquez, treinador sadino, reiterou que a realização do jogo este sábado foi “uma vergonha”. “Tenho de dizer que é uma vergonha que se tenha jogado este jogo. Pusemos em risco os jogadores. Tenho 12, 13 jogadores na cama, mas para bem da Liga penso que o V. Setúbal fez muito mais do que alguns. Para mim não é uma derrota, é uma vitória. Sinto-me muito orgulhoso da equipa, dos adeptos. Muito obrigado à equipa pela personalidade, pelo compromisso e trabalho e temos de lembrar como ficaria a equipa se estivesse em condições”, atirou o técnico espanhol. Do outro lado, Emanuel Ferro, adjunto de Silas, limitou-se a dizer que quando o jogo começa “tudo o que está à volta passa a desinteressar”.