Isabel dos Santos recorreu ao Twitter para reagir à investigação internacional, baseada em mais de 700 mil documentos, que mostra como a empresária angolana construiu a sua fortuna.

Investigação internacional acusa Isabel dos Santos de alegadamente ter desviado 115 milhões de dólares da Sonangol

A empresária angolana nega ter desviado 115 milhões de dólares (cerca de 104 milhões de euros) da Sonangol, como avançou o Expresso e a SIC este domingo — os órgãos de comunicação social portugueses que fazem parte do consórcio internacional.

Isabel dos Santos: “Lamento que Angola tenha escolhido este caminho” em que “todos temos muito a perder”

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“Sabem muito bem que houve um contrato de consultoria do projeto de reestruturação da Sonangol que foi feito o trabalho”, escreve Isabel dos Santos, referindo que a SIC Notícias quer “à força mentir”.

Foram cerca de 30 tweets em seis horas. No primeiro tweet, a filha do antigo presidente de Angola, José Eduardo dos Santos, diz que a sua fortuna — palavra colocada entre aspas — nasceu do seu “caráter”, “inteligência, educação, capacidade de trabalho, perseverança” e fala mesmo em “racismo” e “preconceito”.

Hoje com tristeza continuo a ver o “racismo” e “preconceito” da Sic e Expresso,fazendo recordar a era “colônias” em que nenhum africano pode valer o mesmo que um “Europeu”

Uma das pessoas que comentou esta publicação foi a jornalista portuguesa Fernanda Câncio, que questiona “como é que uma família sem fortuna conhecida e sem nenhuma invenção que explicasse a súbita fortuna se transformou em menos de 10 anos num potentado económico”.

“Muitos documentos falsos”. Isabel dos Santos fala em “ataque político” e acusa Expresso e SIC de mentir

A segunda publicação sobre o caso foi feita em inglês. Isabel dos Santos desacredita a investigação, referindo que há muitos documentos que são falsos. “O relatório do ICIJ [sigla inglesa do Consórcio Internacional de Jornalistas de Investigação] é baseado em muitos documentos falsos e em informação falsa, é um ataque político coordenado com o ‘Governo Angolano’. 715 mil documentos lidos? Quem acredita nisso?”, escreveu a angolana, utilizando como hashtags as iniciais do consórcio e a palavra “mentiras”.

Nos seguintes tweets, Isabel dos Santos acusa o Expresso e a SIC Notícias de escreverem “mentiras” e chama “mentiroso” ao jornalista do semanário, que assina o artigo sobre o Luanda Leaks. “Se a SIC tivesse coragem teria me convidado”, acrescenta.

“Direito a defesa”, escreve a empresária

Isabel dos Santos continua o ataque aos media portugueses, que fazem parte do Consórcio Internacional de Jornalistas de Investigação, referindo que o Expresso e a SIC estão interessados num “assassinato de caráter” e não na verdade. Caso contrário, teriam entrevistado Edeltrudes Costa, atual ministro e diretor do Gabinete do Presidente da República de Angola — e que já tinha sido ministro de Estado e Chefe da Casa Civil de José Eduardo dos Santos — e Archer Mangueira, atual ministro das Finanças de Angola.

Como é um ataque político comandado e orquestrado só entrevistam o PGR [general Hélder Fernando Pitta Grós, procurador-geral de Angola]”, escreveu ainda.

E continua a atacar o Expresso e a SIC, falando em “campanha bem montada e grosseira”.

Num tweet anterior, a empresária já falava na procuradoria-geral de Angola, acusando a autoridade judicial de mentir “sobre uma suposta transferência a Rússia, sobre um encontro com Árabe”. “(…) a mesma que está mentir sobre notificações!? A mesma que pode dizer que há um cadáver na minha geleira de casa? Porque não me deixaram mostrar as provas em tribunal? Direito a defesa“, escreve Isabel dos Santos.

Serviços secretos angolanos passaram informação para manipular consórcio, diz empresária

A empresária angolana fez mais duas publicações em inglês, onde refere que a informação — palavra entre aspas — passada pelos serviços secretos angolanos foi “usada para manipular” o consórcio e para influenciar a agenda política das autoridades angolanas. Acrescenta ainda que “130 consultores trabalharam todos os dias na Sonangol”.

“Consultores pagos para trabalhar na Sonangol — quem não viu lá os consultores??”, questiona Isabel dos Santos, acrescentando que os 715 mil documentos do consórcio “não dizem nada”.

A empresária ainda comentou as declarações da ex-eurodeputada Ana Gomes na SIC Notícias e partilhou um vídeo sobre a construção do supermercado Candando. “Isto é o que eu faço. Crio empresas, invisto e crio postos de trabalho. É daqui que vem a minha fortuna: NEGÓCIOS, por favor vejam este vídeo — a construção de Candando, o meu supermercado”, escreveu Isabel dos Santos em inglês.