O eurodeputado socialista Pedro Marques defende, na sua proposta de relatório da União Bancária, que esta passe a contemplar uma verdadeira lógica de partilha de risco dos bancos e uma garantia de depósitos europeia, para melhor defender os cidadãos.
O eurodeputado do PS, a quem foi atribuída a missão de redigir a proposta de relatório da União Bancária, apresentada esta quinta-feira de manhã à comissão de Assuntos Económicos e Monetários do Parlamento Europeu, defende como três ideias-chave uma mudança de paradigma na questão dos riscos na banca, com a passagem da lógica de redução de riscos para a partilha de riscos, a introdução de um fundo de garantia de depósitos a nível europeu e uma reflexão sobre a dimensão das instituições bancárias.
À partida para a fase de discussão que agora se inicia sobre emendas ao documento, o deputado aponta no seu relatório que foram feitos progressos na implementação da União Bancária, designadamente ao nível da redução de risco, mas salienta que são necessários mais progressos sobretudo na partilha de risco, defendendo que esta deve imperar sobre a primeira, permitindo um apoio mais forte à economia, designadamente através da concessão de crédito virtuoso às empresas.
Relativamente à garantia de depósitos europeia, Pedro Marques considera urgente a sua criação, para defender os depositantes face aos eventuais problemas das instituições bancárias, sublinhando que tal reforçará a confiança não só dos depositantes como dos investidores em toda a União Bancária, e congratula-se com o apoio já manifestado pela presidente da Comissão, Ursula von der Leyen, assim como da presidente do BCE, Christine Lagarde.
Por fim, Pedro Marques também defende a necessidade de refletir sobre a dimensão dos bancos, à luz do sucedido com instituições como a Lehman Brothers, apontando que a Europa deve decidir se pode e quer ter bancos que, pela sua dimensão, têm um evidente risco sistémico e podem forçar a intervenções estatais com impacto nas contas públicas e na vida dos cidadãos. Apontando que tem “batalhado pela necessidade de a União Europeia adotar políticas que os cidadãos reconheçam claramente que têm impacto nas suas vidas”, o eurodeputado disse à Lusa que, agora que começa a discussão do relatório da União Bancária, vai insistir nesse ponto, pois “a questão dos bancos, todas as questões relacionadas com o sistema bancário, tiveram e têm impacto direto na vida das pessoas”.
“O que tento neste relatório é que o Parlamento Europeu aja, essencialmente, em três frentes: garantir um seguro dos depósitos dos cidadãos, assegurar a estabilidade financeira quando é preciso intervir num banco e verificar se, nos passos que demos até agora, fizemos o que devíamos ter feito em relação à dimensão dos bancos e à capacidade de estarem dotados de mecanismos que garantam o financiamento da economia”, afirmou. Pedro Marques disse esperar que, no final desta conclusão, o Parlamento Europeu adote uma posição que vá ao encontro daquelas já manifestadas por Von der Leyen e Lagarde, “que recentemente fizeram declarações públicas sobre a urgência da União Bancária”, fazendo votos para que as instituições europeias não “persistam nesta perigosa inércia que terá consequências difíceis de perspetivar”, caso volte a verificar-se uma “crise séria no sistema financeiro”.