A foto a preto e branco, publicada na conta oficial de Instagram da família real norueguesa assinalou a data. A 21 de janeiro, Ingrid Alexandra cumpriu 16 anos, uma fasquia livre de responsabilidades acrescidas para uma qualquer outra rapariga da sua idade, mas para a filha de Aakon, príncipe da coroa, e da princesa Mette-Marit, o caso muda de figura. A adolescente é a segunda na linha de sucessão ao trono da Noruega, caminhando a passos largos para o papel de rainha, que se espera que venha a assumir um dia. Os contornos ganham valor extra se pensarmos que se tornará assim na segunda figura feminina na história do país a desempenhar tais funções, depois do reinado da soberana Marguerite, que nos obriga a recuar até ao período de 1387 a 1412.
Com fenómenos como o Megxit em pano de fundo, no contexto das monarquias europeias, os olhares desviam-se para outras casas reais, de forma a medir o pulso do presente e antecipar o futuro de clãs como estes. Se no Reino Unido o cenário de sucessão se escreverá no masculino, com uma fórmula que passa por Carlos, William e George, em destinos como Suécia, Espanha e a Noruega, caberá muito provavelmente a mulheres assumir estes destinos. Não por acaso, algumas começam a assumir cada vez mais protagonismo, ensaiando as responsabilidades e inerente exposição que se avizinham. É o caso de Leonor, a filha mais velha de Felipe VI de Espanha. Ou o de Ingrid.
Graças a uma alteração na constituição, em 1990, os primogénitos garantem prioridade absoluta na pretensão ao trono, independentemente do género. À época, o príncipe da Coroa manteve-se em posição privilegiada face à sua irmã mais velha, Martha Louise, passando a nova moldura a aplicar-se aos seus descendentes. Nascida a 21 de janeiro de 2004, no National Hospital, em Oslo, Ingrid é a filha mais velha de Haakon, o único que a precede, e a segunda neta do rei Harald V e da rainha Sonja. A sua mãe, Mette-Marit tem um filho de um anterior casamento, Marius, nascido em 1997. Ingrid tem ainda um irmão mais novo, Sverre, nascido em 2005.
Nenhum deles, ao contrário de Ingrid Alexandra, pertence à Casa Real Norueguesa. Quanto às raízes, a família pertence à Casa de Glücksburg. Um detalhe: o clã norueguês posiciona-se ainda na linha de sucessão ao trono britânico, já que descende da filha do monarca Eduardo VII, Maud — ainda que neste improbabilíssimo cenário permanecesse atrás do seu irmão mais novo.
Se duvida do potencial pop das figuras da monarquias, atente no episódio da série Os Simpsons em que Ingrid é mencionada. Para a princesa, a educação formal começou em 2010, na escola primária Jansløkka. Mais tarde, em 2014, seguiria para a Oslo International School, estabelecimento privado norteado pela língua inglesa. Já este ano, estreou-se na Uranienborg School.
Fã dos animais, do esqui, do surf e do kick boxing, teve num festival de saltos de esqui em Holmenkollen, um dos seus primeiros compromissos oficiais. Com apenas cinco anos, participou no Dia do Ambiente ao lado de outras crianças que desfilaram pelo palácio, e se a sua idade a mantém afastada de uma agenda demasiado intensa, participou no entanto em dias como o da celebração da Constituição, na inauguração do Parque das Esculturas Princesa Ingrid Alexandra, em 2016, e encarregou-se de acender o caldeirão olímpico na abertura dos Jogos de Inverno em Lillehammer.
Mas foi em 31 de agosto de 2019 que viveu um dos momentos públicos de maior protagonismo, quando se realizou a confirmação da princesa na fé luterana, um ritual de passagem para muitos adolescentes noruegueses, e no caso em particular uma obrigação constitucional para os membros da coroa.
A cerimónia decorreu na capela do palácio real, em Oslo, e foi dirigida pelo bispo da capital, Kari Veiteberg, e ainda pelo bispo Helga Haugland Byfuglien, com o clã real a assistir em peso ao momento, e ainda com a presença de representantes das coroas espanhola, sueca e dinamarquesa, com as quais aliás Ingrid Alexandra tem afinidade — segundo a tradição real, as crianças podem ter cinco a seis padrinhos, e Ingrid foi apadrinhada por figuras como o avô paterno, a avó materna (Marit Tjessem), a tia (a princesa Märtha Louise), o rei Felipe VI de Espanha, o príncipe da coroa da Dinamarca (Frederik) e Victoria, a princesa da coroa da Suécia.
Para a ocasião especial, Ingrid vestiu um fato tradicional oferecido pelos avós e ainda uma pregadeira que a rainha Sonja mencionou ser uma reprodução de um acessório da sua avó Maja. E porque a natureza é um dos gostos e focos de atenção da jovem princesa, recebeu como presente nada mais nada menos que uma reserva natural. Isto é, o governo norueguês atribuiu o seu nome à reserva Hengsåsen, em Bygdøy.
Na galeria, veja a evolução da princesa.