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A hora do Vitinha, que embala e acorda uma equipa que preferiu voltar a dormir (a crónica do Ac. Viseu-FC Porto)

Este artigo tem mais de 4 anos

FC Porto entrou a dormir mas Vítor Ferreira, ou Vitinha, mostrou que chegou a sua hora: jogou, fez jogar e assistiu para o golo de Zé Luís. A seguir, dragões adormeceram e o Ac. Viseu empatou (1-1).

Vítor Ferreira, o melhor em campo, assistiu Zé Luís no regresso aos golos do avançado cabo-verdiano dois meses depois
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Vítor Ferreira, o melhor em campo, assistiu Zé Luís no regresso aos golos do avançado cabo-verdiano dois meses depois

Tony Dias/Global Imagens

Vítor Ferreira, o melhor em campo, assistiu Zé Luís no regresso aos golos do avançado cabo-verdiano dois meses depois

Tony Dias/Global Imagens

“Recordo com saudade e emoção os jogos do Académico de Viseu na 1.ª Divisão, que assisti ao vivo, sempre com o Estádio do Fontelo cheio de fervorosos e apaixonados adeptos. A presença na meia-final da Taça de Portugal que hoje o Académico começa a disputar, com estádio esgotado, é um momento histórico, que faz recordar o passado mas acima de tudo me leva a desejar que momentos e sucessos como este sejam cada vez mais o normal no futuro do Académico de Viseu. Que hoje seja um grande jogo e que o grande vencedor seja o futebol!”.

https://observador.pt/2020/02/04/ac-viseu-fc-porto-vitor-ferreira-faz-estreia-como-titular-num-onze-com-muitas-alteracoes/

Atual treinador do Bordéus, Paulo Sousa, antigo internacional português com passagens por Benfica (onde fez a última parte da formação após passagem pelo Repesenses) e Sporting e que fez grande parte da carreira lá fora entre Itália (Juventus, Inter e Parma), Alemanha (B. Dortmund), Grécia (Panathinaikos) e Espanha (Espanyol), não esqueceu as ligações à cidade onde nasceu na antecâmara do regresso do FC Porto ao Fontelo mais de 18 anos depois, num jogo que teve a curiosidade de marcar a estreia do sul-africano Benny McCarthy pelos dragões. Mas como em tudo, há sempre outras histórias em torno de qualquer jogo. E também aqui não foi exceção.

“O senhor Pinto da Costa mentiu-me na altura e continua a mentir. Chegou a acordo com o José Mourinho a 29 de dezembro de 2001. No dia seguinte, após uma vitória na Taça de Portugal em Viseu, recebi uma chamada a dizer ‘Ganhaste o jogo mas perdeste o lugar’. Tinha-me garantido que se saísse Mourinho não seria o substituto e que já tinha falado com o Fernando Santos, que estava na Grécia”, contou muitos anos mais tarde Octávio Machado, em entrevista ao Correio da Manhã, a propósito dessa goleada por 4-0 frente aos viseenses. Esta noite, uns dias antes do clássico que poderá ser decisivo no Campeonato, a história acabou por ser a forte aposta de Sérgio Conceição nos campeões europeus juniores do FC Porto. Em especial um: Vítor Ferreira.

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“Renovei e disse que era o início de um sonho. Aqui está ele”: a estreia de Vítor Ferreira, mais um campeão europeu no FC Porto

Marega, que ficou de fora em Setúbal, foi a única “surpresa” na revolução do técnico azul e branco nesta primeira mão da meia-final da Taça de Portugal com o Ac. Viseu. Entre os titulares no Sado, sobraram apenas Mbemba, Wilson Manafá e Luis Díaz, com alterações em todos os setores da equipa e as chamadas dos campeões europeus Sub-19 Diogo Costa, Diogo Leite, Romário Baró e Vítor Ferreira, ou Vitinha (Fábio Silva começou no banco). Após a primeira presença no conjunto principal no jogo da Taça de Portugal com o Varzim no Dragão, o médio que renovou em novembro até 2024 deu boas indicações frente ao Gil Vicente também como suplente utilizado e ganhou aí a possibilidade de estreia no onze, como se confirmou agora no Fontelo.

Ficha de jogo

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Ac. Viseu-FC Porto, 1-1

1.ª mão das meias-finais da Taça de Portugal

Estádio Municipal do Fontelo, em Viseu

Árbitro: João Pinheiro (AF Braga)

Ac. Viseu: Ricardo Fernandes; Rui Silva, Pica, Mathaus, Lucas Silva; Kelvin Medina, Fernando Ferreira (Carter, 67′); João Oliveira, Luisinho (Bruninho, 90+4′), João Mário (Diogo, 90+7′) e Jean Patric

Suplentes não utilizados: Janota, Bruno Loureiro, Latyr e Filipe

Treinador: Rui Borges

FC Porto: Diogo Costa; Saravia, Mbemba, Diogo Leite,Wilson Manafá; Romário Baró, Vítor Ferreira, Loum, Luis Díaz (Nakajima, 64′); Marega (Soares, 73′) e Zé Luís (Corona, 73′)

Suplentes não utilizados: Marchesín, Marcano, Sérgio Oliveira e Fábio Silva

Treinador: Sérgio Conceição

Golos: Zé Luís (59′) e João Mário (70′)

Ação disciplinar: cartão amarelo a Loum (12′), Lucas Silva (84′), Romário Baró (84′) e Carter (90+2′)

“São jogadores tecnicamente fabulosos, raramente falham um passe. São muito inteligentes na maneira como leem o jogo, gostam de romper com bola no drible e no passe. É preciso muito caráter para chegar lá acima”, salientou Rui Barros, treinador da equipa B dos dragões, sobre Vítor Ferreira e Bruno Costa, que saiu por empréstimo no mercado de inverno. “É um jogador com muita qualidade, evoluído, acima da média até, e inteligente em termos de entendimento do jogo. Pode dar muita qualidade a uma equipa que goste de jogar um futebol apoiado e de ligação. Tem potencial para ser titular no FC Porto, mas vai ter de ir justificando”, sublinhou Mário Silva em entrevista ao jornal O Jogo sobre o seu antigo jogador, que descreveu como “mentalmente robusto”.

O médio de 19 anos é apontado como uma grande promessa entre os responsáveis do clube e demorou pouco mais de dois minutos para provar o que poderia acrescentar à equipa jogando como ‘8’, à frente de Loum: após receber a bola, virou-se para a baliza, picou a bola por cima da defesa contrária e isolou Marega que, com tudo para fazer o primeiro golo, tentou o chapéu ao lado. O Ac. Viseu, sempre com João Mário como principal referência nas saídas em velocidade que tentavam apanhar o conjunto azul e branco desposicionado, tentava também colocar os dragões em sentido mas o encontro caminhava com mais bola dos visitantes e o prémio do azarado para Diogo Leite, hoje capitão, que chocou com Zé Luís num lance aéreo e fez um corte na cabeça.

[Clique nas imagens para ver os melhores momentos do Ac. Viseu-FC Porto em vídeo]

A falta de velocidade condicionava todo o jogo ofensivo do FC Porto, que tinha um Zé Luís pouco presente, um Marega desastrado, um Romário Baró demasiado recuado e um Luis Díaz sem bola. Estava tudo sonolento, meio amorfo, anestesiado pelo frio que se fazia sentir. Aos 33′, Vítor Ferreira recebeu no meio-campo, procurou o passe longo mas a bola ficou entre Wilson Manafá e Luis Díaz e saiu para fora. O médio pediu desculpa mas não era por ele que se jogava assim. Aliás, era Vitinha que ia tentando acordar a equipa com variações rápidas de jogo, sem nunca se esconder da partida, a somar oito recuperações de bola só na metade inicial da primeira parte. Golos e oportunidades, essas, nada. E pertenceu ao Ac. Viseu o remate enquadrado com mais objetividade, de Fernando Ferreira de fora da área, para defesa segura de Diogo Costa. O intervalo chegava sem golos.

A segunda parte começou com uma ligeira melhoria do FC Porto, a começar com a capacidade de Luis Díaz em esticar jogo pela esquerda e, como não poderia deixar de ser, a influência de Vítor Ferreira na construção a partir do corredor central e na capacidade em chegar a zonas mais próximas da área, como aconteceu logo a abrir com um remate que saiu à figura de Ricardo Fernandes (50′). Aí ficou só a ameaça, pouco depois chegou mesmo o golo: quando era já de longe o jogador com mais passos certos entre os portistas, o médio recuperou uma bola a Fernando Ferreira, progrediu com posse controlada e assistiu Zé Luís para o primeiro golo, naquele que foi a quebra de um jejum que durava há dois meses com alguns problemas físicos pelo meio (59′).

O golo parecia dar outro conforto aos azuis e brancos, com Sérgio Conceição a aproveitar a vantagem para dar minutos de jogo a Nakajima no lugar de Luis Díaz tendo em vista também o clássico com o Benfica do próximo sábado. E também Corona e Soares já se iam preparando para irem também para o relvado. No entanto, na única oportunidade do Ac. Viseu no segundo tempo, Kelvin cruzou largo da direita para a área e João Mário, numa zona de ninguém entre Saravia e Mbemba, foi mais rápido a fazer o cabeceamento que valeu o empate (70′). Nakajima, com uma diagonal da esquerda para o centro, obrigou Ricardo Fernandes à melhor defesa da noite (77′) e Corona voltou a mexer no ataque (tendo ficado muitas dúvidas num lance onde pareceu tocado por Luisinho na área aos 90′) mas o FC Porto pagou caro ter voltado a adormecer na noite em que o FC Porto ganhou uma opção. Aliás, essa foi a única boa notícia no empate antes do clássico: Vítor Ferreira veio para ficar.

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