O anúncio foi feito na conferência de imprensa que a defesa de Rui Pinto promoveu em Lisboa, na última sexta-feira, pela diretora executiva da The Signals Network Fondation: “estamos a fazer um crowdfunding para pagar aos advogados de Rui Pinto”, disse Delphine Halgand-Mishra. Entre declarações dos advogados francês e português e representantes de consórcios de jornalistas acabou por passar despercebido, ainda assim conta já com donativos na ordem dos mil euros. O objetivo é somar cinco mil dólares (cerca de 4600 euros).
Rui Pinto, que está em prisão preventiva há cerca de um ano e que soube recentemente que irá ser julgado por 90 crimes informáticos e uma tentativa de extorsão à Doyen Sports, é representado pelo advogado francês William Bourdon, que integra a Signals Network e que representa Snowden e Assange. Bourdon já disse publicamente que sendo advogado na organização franco-americana que presta apoio a whistleblowers (denunciantes) não seria ético cobrar os seus serviços a Rui Pinto. No entanto, os advogados que tem na Hungria, onde foi detido, e em Portugal, neste caso Francisco Teixeira da Mota, têm que ser pagos. E o dinheiro angariado pelo crowdfunding servirá para isso.
Na plataforma americana de crowdfunding, a Gofundme, foi criada a 13 de fevereiro uma entrada para pedir ajuda para a defesa de Pinto. Entre os dadores estão alguns nomes portugueses. É aqui que a Signals Network conta a história de Rui Pinto como tendo providenciado informação de “elevado interesse público” para dezenas de meios de comunicação — o que resultou no Football Leaks e no Luanda Leaks. “Muitos países já iniciaram investigações judiciais baseadas nas revelações”, lê-se. Na conferência de imprensa Delphine Halgand-Mishra avançou mesmo que as autoridades europeias já tinham conseguido recuperar cerca de 35 milhões de euros com os processos abertos graças à informação obtida por Rui Pinto.
Defesa de Rui Pinto quer Edward Snowden a testemunhar a favor do português
Na página do Gofundme criada para angariar dinheiro para a defesa de Rui Pinto “que tem trabalhado incansavelmente e a baixo custo para defender o seu cliente”, lê-se ainda que o português Rui Pinto chegou a colaborar com as autoridades francesas — que chegaram a colocar-lhe a hipótese de integrar um programa francês de proteção às testemunhas. “Ajudem-nos a pagar aos advogados de Rui Pinto, que está preso à espera de um julgamento em Portugal”, lê-se, por fim.
Rui Pinto foi pronunciado por ter entrado nos sistemas informáticos da SAD do Sporting, da Federação Portuguesa de Futebol, da sociedade de advogados PLMJ e da própria Procuradora-Geral da República. Terá entrado depois em dezenas de e-mails de profissionais, cujos conteúdos foram integralmente colocados online.
Football Leaks. Rui Pinto vai a julgamento por 90 crimes. Juíza deixou cair 57 crimes