O presidente da Europacolon Portugal alertou esta sexta-feira para a necessidade de haver um rastreio de base populacional para o cancro colorretal, cujos casos diagnosticados aumentaram para 10.000/ano e que matou mais de 4.000 pessoas em 2018.

Vitor Neves defende que este é “um problema grave de saúde pública” para o qual o Ministério da Saúde tem uma solução, que é o rastreio de base populacional, que se fosse feito evitaria milhares de mortes em Portugal.

Se houvesse rastreio de base populacional em todo o país esta mortalidade baixaria, assim como a incidência da doença – pois os portugueses acabam por falecer porque a maioria dos tumores (mais de 50%) quando são encontrados já estão num estadio avançado, com outras áreas do corpo metastizadas”, disse à agência Lusa Vitor Neves.

O presidente da Europacolon lembra ainda que o rastreio de base populacional “existe há muitos anos em diversos países”, como, por exemplo, a Holanda, Bélgica, Espanha (Catalunha) e Eslovénia, e que Portugal devia seguir o exemplo.

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O responsável falou ainda da campanha que a Europacolon promove nos meses de março e abril, em conjunto com as farmácias do grupo Holon, que disponibilizam rastreios gratuitos para pesquisa de sangue oculto nas fezes a pessoas com mais de 50 anos.

Esta campanha também serve para tentar modificar a mentalidade dos decisores e da população para ajudar a resolver este grave problema de saúde pública”, afirmou.

Na Europa há cerca de 400.000 casos novos todos os anos de cancro do intestino e, em Portugal, segundo dados de 2018 da Organização Mundial de Saúde (OMS), foram registados 10.092 novos casos, com 4.214 mortes.

Vitor Neves diz que a Europacolon, neste mês de março, vai focar-se “no aumento de conhecimento da população” para que se torne real o rastreio de base populacional.

A associação vai reunir este mês com a coordenação das doenças oncológicas e secretaria de Estado para “pressionar a tutela a implementar um rastreio de base populacional em Portugal” e o responsável recorda que não se conhecem ainda dados do rastreio lançado em 2016 e que — defende — “abrangeu apenas uma pequena parte da população”.

A campanha “Salva Vidas – A prevenção faz a diferença”, que decorre nas cerca de 70 farmácias Holon espalhadas pelo país, permite a quem tenha mais de 50 anos fazer gratuitamente a análise de pesquisa de sangue oculto nas fezes — as farmácias vão disponibilizar um kit para o efeito. Quem tiver resultado positivo deve contactar o médico de família para fazer uma colonoscopia total no prazo máximo de três semanas.

A este nível, Vitor Neves aponta também os “grandes atrasos” tanto nos exames de diagnóstico como depois, no seguimento dos doentes.

O responsável lembra ainda que, além de ser obrigatório nas pessoas acima dos 50 anos, quem tenha idade inferior mas possua histórico de familiares (pais ou avós) com esta doença deve igualmente fazer igualmente a colonoscopia total.

Recorda que muitas vezes a doença é apanhada já em fase avançada e alerta as pessoas para estarem atentas a sintomas como o aparecimento de sangue nas fezes, a sensação de que o intestino não esvazia, cansaço e emagrecimento sem razão aparente, dores abdominais ou alterações do transito intestinal, com diarreias ou obstipações permanentes.

Os dados da Europacolon indicam que cerca de 90% dos casos de cancro colorretal são diagnosticados a partir dos 50 anos, que o risco é superior nos homens e que metade da população desconhece os sintomas da doença. Quando detetado a tempo, o cancro do intestino tem cura em 90% dos casos.