O conselho de administração do Banco Montepio, liderado por Carlos Tavares, ordenou na reunião que se realizou na quinta-feira da semana do Carnaval que seja realizada uma auditoria forense às relações entre o banco e o construtor José Guilherme, apurou o Observador. A auditoria, que foi encomendada à EY, terá como figura-chave Luís Almeida, que foi diretor comercial da Grande Lisboa e que em 2013 foi para o Finibanco Angola – onde continuou a ter contacto direto com o construtor da Amadora. Hoje, Luís Almeida é administrador da Associação Mutualista Montepio Geral, tendo sido recentemente aprovado pelo supervisor para estar na cúpula da mutualista que gere as poupanças de 600 mil pessoas.
O objetivo da auditoria, confirmou o Observador junto de duas fontes, é apurar todos os factos que possam ter estado na base de decisões tomadas pelos intervenientes, designadamente créditos concedidos ao construtor José Guilherme, muitos dos quais acabariam por se transformar em imparidades do banco. Conforme aquilo que for apurado pela auditoria, estarão em causa eventuais procedimentos de natureza disciplinar, civil e criminal, disse uma das fontes.
O Observador tentou contactar fonte oficial do banco, mas até ao momento ainda não obteve resposta.
Luís Almeida é hoje um dos quatro administradores da associação mutualista, acionista que controla o Banco Montepio e de onde António Tomás Correia saiu em dezembro. Este gestor tornou-se em 2008 diretor comercial da Grande Lisboa, onde lidou diretamente com o cliente José Guilherme, o construtor que ficou mais conhecido por ter dado a “liberalidade” de 14 milhões de euros a Ricardo Salgado.
Em 2013, depois da compra do Finibanco pelo Montepio, Luís Almeida foi para Luanda, para o Finibanco Angola, onde terá tido um papel central em operações como as do aumento de capital do Banco Montepio, nesse ano, que estiveram na base das buscas feitas pela PJ e pelo Banco de Portugal a 16 de janeiro último.
O Observador descreveu em detalhe o papel de Luís Almeida nessas operações, um gestor que recentemente obteve o registo para o cargo por parte da Autoridade dos Seguros e dos Fundos de Pensões (ASF). Mas um gestor que já tinha, sabe o Observador, sido vetado pelo Banco de Portugal para outros cargos, como os de presidente da Montepio Crédito.
Essas operações relacionadas com o aumento de capital – que também envolvem a relação com José Guilherme, porque houve subscrições irregulares feitas pelo filho e pelo compadre do construtor – foram também analisadas por uma auditoria interna encomendada no tempo da administração de José Félix Morgado, que o Observador também noticiou em primeira mão nesse mesmo dia das buscas da PJ ao Montepio.
José Guilherme tornou-se cliente do Montepio após a chegada de Tomás Correia à instituição, em 2004.
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