Na quarta-feira, o Lar Santo António, na Maia, conheceu os primeiros casos de infeção pelo novo coronavírus: uma idosa e uma funcionária. Os dois casos confirmados ao Observador pela vereadora da Saúde da Maia, Emília Santos, fazem deste o segundo lar no concelho com registo de pessoas infetadas.

“Efetivamente, uma senhora idosa foi para o hospital com um quadro respiratório agudo. Já no hospital fizeram o teste e deu positivo. Ela está estável”, explica a vereadora, referindo ainda que há uma colaboradora também infetada e que está agora em casa. Uma segunda funcionária, com sintomas suspeitos, fez o teste e deu negativo.

Emília Santos garante que a delegação de saúde da Maia está ciente da situação e que estão a ser postas em práticas algumas medidas de contenção — como períodos de refeição desencontrados e desinfeção diária da instituição.

Já fonte próxima do lar garante ao Observador que mais ninguém, nem idosos nem funcionários, foram testados. Sobre esta questão, a vereadora, que ainda na terça-feira tinha feito uma ronda telefónica por todos os lares do concelho para conhecer os respetivos desenvolvimentos, não sabe precisar se as outras pessoas foram testadas ou não e remete esclarecimentos para a autoridade de saúde local. Garante, no entanto, que o lar, com 50 idosos, “seguiu as ordens” dadas pela delegada de saúde.

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Isabel Brandão, presidente da Associação das Obras Assistenciais da Sociedade de São Vicente de Paulo, que gere este lar, também confirma a existência de dois casos de contágio, mas não consegue esclarecer se os restantes funcionários e utentes daquela unidade foram ou não testados. Frisando que os testes de despistagem não são da competência da associação que dirige — se assim fosse já os tinha feito, comenta —, confirma apenas os três já referidos.

“Tenho informação de que foi testada a senhora que deu positivo, uma colaboradora que também deu positivo e uma outra que deu negativo”, afirma ao Observador. “A idosa encontra-se atualmente internada em meio hospitalar e o marido com quem dividia o quarto no lar está em isolamento, enquanto a funcionária está em isolamento profilático em casa”, acrescenta.

Isabel Brandão assegura que a associação e respetivos lares seguem “escrupulosamente” o que lhes é “ordenado” pelas entidades de saúde. “Temos de reportar todos os casos que nos surgem. Estamos em parceria com as autoridades de saúde competentes. A ‘margem de liberdade’ do lar é diminuta a partir do momento em que temos um suspeito e somos obrigados a seguir essas recomendações. Essa imposição resulta da lei. Temos de seguir as diretrizes das autoridades”, esclarece, garantindo depois que “todas as medidas estão a ser tomadas” para “minimizar o impacto”.

Já antes, José Manuel Correia, presidente do lar O Amanhã da Criança, também da Maia onde já perderam a vida dois utentes na sequência da pandemia, disse à Lusa que “tudo era mais controlável se as entidades competentes respondessem a tempo e horas. Cada minuto que passa, neste tipo de patologias, é um risco, tudo piora. Não consigo perceber como se demora tanto a fazer testes e a dar resultados.”

O Observador tentou contactar Administração Regional De Saúde Do Norte I.P. e a Delegação de Saúde da Maia, mas até ao momento não obteve resposta. Tentou ainda, e sem sucesso, contactar a diretora-técnica do Lar Santo António.

A 9 de março, dois dias antes de a Organização Mundial de Saúde decretar a pandemia, a Câmara Municipal da Maia teve uma reunião de trabalho alargada com os todos os responsáveis pelos lares da Maia e com as autoridades de saúde da Maia-Valongo, de maneira a fazerem o ponto de situação face aos planos de contingência a adotar.

“Nesse mesmo dia, ou no dia seguinte, foram tomadas medidas no sentido de encerrar todos os centros de convívio do concelho e de restringir ao máximo o acesso aos centros de dia”, explica Emília Santos, vereadora da Saúde da CM de Maia — Lar Santo António incluído. “No que diz respeito aos lares, a Direção-Geral da Saúde já tinha proibido as visitas, isso foi cumprido por todas as IPSS.”