Marçal Grilo, antigo ministro da Educação, afirmou, em entrevista à rádio Observador, que as escolas devem abrir o mais rapidamente possível, mas só com “regime militar”, uma vez que os alunos, das creches às universidades, são “um grupo perigoso como portadores do vírus”.

A decisão sobre a abertura das escolas terá de ser tomada até 4 de maio. Marçal Grilo explica que, se as escolas reabrirem, devem ser tidas em conta várias possibilidades para que os alunos não sejam prejudicados. Uma das hipóteses seria, segundo o antigo ministro, no caso dos alunos do secundário, passar as atividades do terceiro período para o início do próximo ano letivo, em setembro. Isto “se houver uma situação mais estável, não temos controlo sobre os ‘timings’”, sublinha.

Se os alunos voltarem para as escolas, “a forma como as escolas funcionam tem de ser no regime quase militar, para que haja regras muitíssimo estritas e para que sejam cumpridas”, explica Marçal Grilo, dizendo que a aproximação dos estudantes entre si e a relação que os alunos mantêm com os pais e com os avós têm de ser controladas, podendo ser imposta a proibição de as crianças contactarem com estes últimos.

Sabemos que isto se propaga através do contacto entre as pessoas, é preciso ter um enorme cuidado. Nas escolas, as normas de limpeza e higienização das superfícies implicam uma responsabilidade enorme”, acrescenta.

Já quanto ao ensino superior, o antigo ministro revela algumas preocupações com as desigualdades. “O surto vem introduzir uma grande desigualdade e heterogeneidade na forma como as pessoas são tratadas porque cada um tem um ‘background’ diferente”, aponta Marçal Grilo, uma vez que muitos estudantes não têm acesso à Internet e, por isso, não podem participar em aulas virtuais ou consultar materiais nas plataformas digitais. “Não podemos deixar os alunos para trás”, sublinha.

Marçal Grilo: “Regresso às aulas em Maio só com regime militar”

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