Sérgio Moro, ministro da Justiça do Brasil, pediu a demissão ao Presidente Jair Bolsonaro. De acordo com o jornal Folha de São Paulo, a decisão acontece depois de o chefe de estado brasileiro comunicar a vontade em substituir o diretor-geral da Polícia Federal, Maurício Valeixo.
Explica a publicação brasileira que este último terá sido escolhido para o cargo por Sérgio Moro e desde o ano passado que Bolsonaro tem ameaçado substituí-lo. Além do Folha, o G1 refere que os aliados de Moro garantem que se trata de uma forma de o presidente conseguir ter o controlo sobre a polícia brasileira, além de enfraquecer o próprio ministro da Justiça, já que o deixa sem o seu braço direito.
Sergio Moro ganhou notoriedade depois de conduzir as operações do polémico processo do Lava Jato, o maior caso de corrupção e lavagem de dinheiro do Brasil – e que levou à condenação do antigo presidente Lula da Silva. Abandonou a carreira de juiz federal ao aceitar o convite de Bolsonaro para integrar o governo e ocupar o topo do ministério da Justiça. Até então, era a si popularmente atribuída a imagem de mudança no país, um pano que acabou por caí num primeiro momento com o cargo de governante.
Desde então, enfrentou o escândalo maior com as revelações feitas pelo The Intercept, que teve acesso a mensagens trocadas entre Moro, procuradores do Lava Jato e outras fontes e que abalavam a sua imparcialidade no processo. Na prática, ao definirem com outros magistrados os passos a dar, o então juiz ia contra a lei brasileira, que pede que trabalhem com independência.
Mensagens privadas revelam que Sérgio Moro trocava impressões com procurador da Lava Jato
Mesmo com as polémicas, no fim de dezembro os dados do Datafolha apontavam-no como o ministro mais popular do governo brasileiro, com uma avaliação positiva de 53%, em comparação com os 30% de Bolsonaro. É um dado que contribui para a ideia de guerra fria, ou confronto silencioso, que se instalou entre os dois e de que a imprensa brasileira tem dado conta nos últimos meses.
Até ao fim da noite em Portugal, o presidente do Brasil não se pronunciou sobre o afastamento de Sérgio Moro. Jair Bolsonaro fez o seu live semanal no Facebook, mas não fez qualquer comentário sobre o assunto. Contudo, o Folha de São Paulo garante que o chefe de Estado designou outros dois ministros para tentar convencer Moro a recuar. São eles Braga Netto, ministro da Casa Civil e Luíz Eduardo Ramos, ministro da Secretaria do Governo. Mantém-se o silêncio sobre o jogo de damas na cúpula governante do país.
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