O Grupo José de Mello e o fundo de investimento Arcus anunciaram um acordo para vender 81% da Brisa, a principal concessão de autoestradas em Portugal. A transação avalia a empresa em mais de três mil milhões de euros, mas não foi revelado o encaixe para os vendedores.
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Os compradores são descritos como um consórcio internacional com experiência acumulada na gestão de autoestradas que inclui a APG, uma gestora de ativos do fundo de pensões dos funcionários públicos dos Países Baixos, o NPS, serviço nacional de pensões da Coreia a gestora de ativos da seguradora Swiss Life.
O acordo prevê uma parceria estratégica de longo prazo entre o Consórcio e o Grupo José de Mello, que permanece como acionista de referência da Brisa, com uma posição representativa de 17% dos direitos de voto e com participação ativa na gestão. Vasco de Mello mantém o cargo de presidente executivo.
A venda do controlo acionista da Brisa tinha sido anunciada no ano passado, mas o fecho do negócio acontece em pleno impacto da pandemia de Covid-19 que levou já a quedas históricas no tráfego rodoviário. A situação que levou a Brisa a acionar a cláusula de força maior do contrato terá, no entanto, um efeito temporário. A concessionária sofreu quedas importantes de tráfego durante os anos da crise em Portugal, mas regressou aos níveis normais a partir de 2015 e 2016. No entanto, nunca antes tinham sido verificadas quedas da dimensão agora reportada por efeito das medidas de restrição da circulação de pessoas.
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Para o presidente da Brisa, o anúncio do acordo de venda feito “no atual contexto económico de grande adversidade, este negócio, que é um dos maiores investimentos estrangeiros realizados em Portugal nos últimos anos, é também um sinal de confiança de investidores internacionais na economia portuguesa”.
A conclusão do negócio está dependente de aprovação das entidades reguladoras, uma vez que estão em causa várias concessões de autoestradas atribuídas pelo Estado. Os acionistas da Brisa já tinham cedido uma parte da BCR, a principal concessão do grupo, em 2015.