A Aston Martin pretende para o seu Valkyrie o estatuto do melhor hiperdesportivo do mercado. E não quis correr riscos, o que a levou a contar com Adrian Newey, o mago que concebe os chassis de Fórmula 1 da Red Bull, para lhe desenhar o chassi e a aerodinâmica – capaz de gerar 1800 kg de downforce sem recorrer a asas –, para depois contratar a Cosworth para produzir o motor, de forma a ultrapassar a concorrência.

Há várias formas de extrair potência de um motor, sendo a mais vulgar recorrer a uns quantos turbocompressores para elevar o rendimento específico. Contudo, do ponto de vista do utilizador, esta não é forma mais nobre de conceber um supermotor. E a Aston Martin queria que o Valkyrie usufruísse apenas do melhor, o que passava por ter uma mecânica atmosférica, para que se ouvisse o gritar a alto regime e o sonoro e constante “roncar”.

A tarefa da Cosworth foi tudo menos fácil, pois foi-lhe pedido que atingisse a fasquia dos 1000 cv. Cumpriu a meta com distinção, ao anunciar 1014 cv, o que conseguiu com um V12 aberto a 65º, com 6,5 litros de capacidade. Mas a Aston Martin queria ainda que a imponente mecânica fosse  robusta, ao contrário do motor de F1 que a Mercedes quer usar no One  e que tem de ser reconstruído ao fim de cada 50.000 km. Daí que o V12 britânico seja capaz de percorrer 100.000 km.

Afinal, o Valkyrie necessita de mais um motor 6.5 V12

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O último requisito imposto pela Aston Martin à Cosworth teve a ver com o necessário cumprimento das normas de poluição, algo que a Mercedes ainda não conseguiu resolver com o seu 1.6 V6 Turbo, que é incapaz de respeitar os limites de emissões, o que tem provocado atrasos na produção e comercialização do Mercedes-AMG One. Para o conseguir, a Cosworth abriu mão da injecção directa (instalando o injector no colector de admissão), o que lhe pode ter retirado um pouco de potência, mas permitiu-lhe prescindir do filtro de partículas. No final, o Valkyrie conta com um sistema KERS produzido pela Rimac, cujo motor eléctrico garante mais 162 cv, elevando o total para 1176 cv, um valor mais que respeitável, tanto mais que o Valkyrie é particularmente leve.

Jason Fenske, do canal de YouTube Engineering Explained, defende o brilhantismo do motor da Cosworth, da forma efusiva que o caracteriza, aproveitando para falar ainda de outro V12, igualmente da Cosworth. Trata-se do 3.9 V12 concebido para o T50, o hiperdesportivo desenhado por Gordon Murray. Este V12, mais pequeno e igualmente aberto a 65º, é ainda exuberante em regime (atingir 12.100 rpm) e melhor em rendimento específico. Mas o melhor é apreciar o vídeo.