O Presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, levou um grupo de ministros e empresários ao Supremo Tribunal Federal (STF) para discutir a retoma da economia do país e os impactos da pandemia provocada pelo novo coronavírus.

Bolsonaro caminhou do Palácio do Planalto até ao STF e se reuniu com Dias Toffoli, presidente do tribunal, fazendo um apelo para que as medidas restritivas nos estados sejam atenuadas.

No encontro, dirigentes empresariais do setor industrial relataram dificuldade para manter fábricas ativas no país e afirmaram que a indústria opera com 40% da capacidade instalada.

Os empresários também afirmaram que algumas companhias já demonstram sinais de enfraquecimento e podem não resistir até ao fim da pandemia, facto que poderá provocar demissões em massa e uma subida do desemprego.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Num breve discurso, Bolsonaro declarou que a crise provocada pelo novo coronavírus causou aflição entre os empresários.

“Nós sabemos do problema do vírus, que devemos ter todo cuidado possível, preservar vidas, em especial daqueles mais em risco, mas temos um problema que vem cada vez mais nos preocupando: os empresários trouxeram essas aflições, a questão do desemprego, a questão da economia não mais funcionar“, afirmou o Presidente brasileiro.

“O efeito colateral do combate ao vírus não pode ser mais danoso que a própria doença”, acrescentou Bolsonaro, repetindo uma avaliação já proferida inúmeras vezes.

O chefe de Estado brasileiro também comentou que vai editar decretos libertando algumas atividades paralisadas durante a crise da Covid-19.

Já o ministro da Economia, Paulo Guedes, presente no encontro, comentou o apelo feitos pelos empresários ao governo.

“Desde o início da crise o Presidente [Bolsonaro] nos alertou para salvar vidas e proteger os empregos, preservar os empregos. Nós lançamos a camada de proteção para os informais, para os mais frágeis, para os idosos”, disse Guedes.

“Temos aí três, quatro meses que a população brasileira tem meios de subsistência. Só que a informação que os empresários nos trazem é de que embora preservados os sinais de vida da indústria brasileira e do comércio [retalho] estamos indo para a UTI [cuidados intensivos] do ponto de vista de organização e engrenagem produtiva“, acrescentou.

O ministro também declarou que o governo vai vetar parte de um projeto aprovado no Congresso sobre socorro financeiro aos estados que diz respeito à possibilidade de concessão de aumento para algumas categorias de funcionários públicos.

Já o presidente do STF, o juiz Dias Toffoli, declarou que o governo e os empresários levaram ao tribunal a necessidade de se fazer planeamento para retomar a atividade económica no país e defendeu uma coordenação que reúna o governo central, ou poder legislativo, estados e municípios.

Até quarta-feira, o Brasil registou oficialmente 125.218 casos confirmados de Covid-19 e 8.536 mortes provocadas pela doença, que no país tem taxa de mortalidade em 6,8%.

A nível global, segundo um balanço da agência de notícias AFP, a pandemia de Covid-19 já provocou mais de 263 mil mortos e infetou cerca de 3,7 milhões de pessoas em 195 países e territórios.

Mais de um 1,1 milhões de doentes foram considerados curados.

A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de dezembro, em Wuhan, uma cidade do centro da China.