A China teme uma nova onda de casos de Covid-19 no país. De acordo com o jornal britânico The Guardian, um novo  surto ainda não detetado numa cidade perto da fronteira com a Rússia e o aparecimento de novos casos positivos em Wuhan estão a preocupar as autoridades chinesas, já que podem causar uma nova vaga de infeções. O jornal britânico destacou a precupação de vários utilizadores do Weibo, rede social chinesa, tendo um deles comentado os novos casos em Wuhan assim: “Estava a relaxar e agora está a começar tudo de novo, estou a começar a entrar em pânico outra vez”. Embora sejam números baixos, a China registou no último domingo o seu maior aumento de casos em duas semanas.

Uma semana depois de a China ter classificado todas as regiões do país como de baixo ou médio risco, este domingo houve mesmo uma sucessão de acontecimentos que demonstram que a situação pode estar a mudar. A cidade de Shulan, uma cidade perto das fronteiras com a Rússia e a Coreia do Norte foi no domingo classificada como de alto risco. Isto aconteceu depois de vários casos relacionados com uma mulher que não tinha qualquer histórico conhecido de viagem ou exposição ao vírus.

Há mais sinais preocupantes relatados pelo The Guardian: no domingo a comissão nacional de saúde da China registou 17 novos casos. É muito pouco quando comparado com números ocidentais (em Portugal, por exemplo, foram 175), mas ainda assim a é o segundo dia seguinte em que o aumento é de dois dígitos e é o valor mais alto em duas semanas. Destes 17 casos houve cinco que foram transmitidos localmente em três províncias que fazem fronteira com a Rússia ou com a Coreia do Norte (três foram registados na província Jilin, um em Heilongjiang e outro em Liaoning). No caso de Jilin, os três novos casos surgiram na cidade de Shulan: uma mulher de 28 anos e dois homens (um de 45 anos, outro de 56). O total na cidade é agora de 13 casos.

A televisão estatal chinesa CGTN noticiou que as autoridades já impuseram a quarentena aos cidadãos (salvo exceções incontornáveis) e o encerramento temporário dos locais públicos em Shulan, o que inclui espaços desportivos, cinemas, bibliotecas ou escolas (as aulas vão prosseguir por e-learning). Os transportes públicos foram igualmente encerrados na cidade e os táxis não podem sair de Shulan. As autoridades acreditam que houve 290 pessoas que tiveram contacto próximo com infetados

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A preocupação em Shulan também está relacionada com a origem daquele que parece ser um novo surto. De acordo com a imprensa local, a comissão de saúde da província diz que o primeiro caso registado (o “paciente zero” da província) foi uma mulher de 35 anos que não viajou para fora da província nem qualquer historial de contacto com pessoas que vieram de províncias afetadas ou do exterior do país.

Aquela área parece ser agora o foco das atenções das autoridades e, nas últimas semanas, Pequim decretou o encerramento de fronteiras e medidas restritivas em zonas junto à fronteira da Rússia, o que foi atribuído a pessoas que entraram no país após a reabertura de fronteiras. Nas últimas três semanas de abril, entraram em Shulan 308 pessoas vindas da Rússia, das quais oito estavam em quarentena num hospital em Jilin e 300 ficaramem isolamento social na cidade de Shulan.

Mas há mais. Na cidade de Wuhan, cidade muito fustigada pelo vírus e onde tudo terá começado no final do ano passado, também foram registados cinco novos casos no domingo. Parece um número baixo, mas relevante, já que, como lembra o The Guardian, é também o maior número de novos casos em quase dois meses. Desde 11 de março que não havia tantos casos em Wuhan. Depois da cidade ter estado em confinamento quase absoluto durante meses, nas últimas semanas as restrições começaram a ser levantadas, o que poderá ter motivado este aumento de novos casos.

A China registou até agora um total de 82.918 casos, dos quais 78.144 foram curados. Existem, por isso, apenas 141 casos ativos no país.