No arranque da segunda fase de desconfinamento, e que coincidiu com o Dia Internacional dos Museus, o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, visitou a Torre de Belém – monumento que abriu as portas, esta segunda-feira e durante o dia já tinha recebido 50 visitantes – para convidar os portugueses a conhecerem o património do país. Com cautelas e respeitando todas as regras de segurança. “Não é apenas um apelo para que os portugueses passeiem em Portugal nos meses de junho, julho e agosto. Ou programem as suas férias cá dentro. Aproveitem também para fazer turismo cultural”, pediu o Presidente da República, que classificou esta fase, do desconfinamento, como uma “maratona que só termina em 2022”. E se uma primeira parte da maratona é de “saúde e de regresso, por pequenos passos, a uma maior normalização da vida social”, os portugueses precisam de se preparar para uma segunda parte da maratona, mais virada para a área “económica e social”.
Com a Torre de Belém como pano de fundo, e questionado sobre o apoio de Ferro Rodrigues, presidente da Assembleia da República, à sua possível recandidatura, Marcelo Rebelo de Sousa afirmou que essa questão não é uma “prioridade dos portugueses nem do Presidente da República”. Neste momento, os assuntos que preocupam os portugueses prendem-se com o “desconfinamento, a possibilidade de uma segunda vaga de Covid-19 no outono, e os rendimentos”.
E, por isso mesmo, foi na questão económica que Marcelo Rebelo de Sousa centrou o discurso, ao explicar aos jornalistas que a “injeção de liquidez na economia” é a questão de fundo. “Estamos em vésperas de um Conselho Europeu muito importante, onde se vai decidir sobre o fundo de recuperação”, umas das “três pernas do tripé” do financiamento europeu aos Estados-membros. Ainda segundo Rebelo de Sousa, “há uma primeira perna do tripé que pode vir mais cedo, que corresponde a um mecanismo que já existia”. Já a “segunda perna”, tem a ver com o Banco Europeu de Investimento, “e que pode vir a seguir com alguma rapidez”, seguindo-se o fundo de recuperação, que tem de ser aprovado no Conselho Europeu em junho. O Presidente antecipa que será esse mecanismo a fazer toda diferença, não só em termos de “montante”, mas em especial nas “condições”. “Não tenho dúvidas de que o governo português o que mais deseja é injetar liquidez na economia”.
Ainda em relação ao tema do fundo de recuperação, Marcelo Rebelo de Sousa assumiu ter a “sensação de que Portugal está no bom caminho”. E dá duas razões que lhe permitem ser otimista: “em primeiro lugar, o montante para que se aponta é significativo”. E em segundo, “as condições da utilização por cada estado são condições que não irão agravar a dívida pública”. Porque, segundo ainda o Presidente, essa era a grande questão. “Vai ser parecido com uma transferência. Não tem o risco de somar à dívida pública. E se for assim, são duas boas notícias”.
Questionado ainda pelos jornalistas se se definia como um “Presidente do regime”, Marcelo Rebelo de Sousa deixou claro que “um Presidente da República que votou a Constituição, como Constituinte, que participou na primeira revisão constitucional, e que foi eleito e jurou fazer cumprir a Constituição, não é certamente um presidente contra o regime”.