O Brexit, que vai afastar o Reino Unido da União Europeia (UE), vai sujeitar a impostos todos os produtos que a partir desse momento atravessem a fronteira, automóveis incluídos. Tudo indica que a partir de 1 de Janeiro de 2021, pelo menos é esta a convicção dos britânicos, todos os veículos que rumem da UE para o Reino Unido vão estar sujeitos a uma taxa de 10% sobre o seu valor. Isto vai elevar, em média, em 1500 libras (cerca de 1675€) o custo que os britânicos vão ter de pagar pelos carros importados, incluindo alguns dos mais populares, do Volkswagen Golf ao Mercedes Classe A.

Embora as negociações entre ingleses e europeus ainda não estejam encerradas, o que deixa em aberto a possibilidade de se chegar a um acordo de comércio livre, poucos acreditam que tal venha a acontecer até ao fim do período de transição do Brexit, que termina a 31 de Dezembro de 2020.

A Society of Motor Manufacturers and Traders (SMMT) estima que o valor dos modelos importados suba 1500 libras, mas a realidade é que mesmo os automóveis produzidos no Reino Unido para serem consumidos no país, por ingleses, deverão ver igualmente o seu preço aumentar, pois a sua fabricação só é possível graças à importação de peças provenientes da UE, que vai também ter um imposto à entrada, que se estima em 4,5%. Mas como vai incidir sobre cerca de 56% dos componentes que os ingleses importam da Europa – mas que representam 78% do valor total do veículo –, vai levar a um incremento importante no preço final do veículo.

Mas o mais grave será que mais de 80% dos veículos fabricados no Reino Unido se destinam à exportação, com mais de 50% a ter como destino os países da UE. E todos estes serão construídos com peças que, na maioria, têm de suportar 4,5% na importação, para depois pagar 10% na exportação para os países da União. Esta situação vai colocar em risco a competitividade dos modelos, deixando o Governo britânico perante o dilema de suportar o encargo devido ao Brexit que decidiu implementar, ou poder ver as fábricas rumar para os países da UE.

Há marcas que decidiram não esperar e foram avançando com medidas para evitar os impostos nas exportações para os países da UE. A decisão mais radical pertenceu à japonesa Honda, que anunciou o fecho da sua fábrica de Swindon já no início de 2021, gerando a perda de 3500 postos de trabalho directos. Também a britânica Land Rover optou por investir 1,4 mil milhões de euros numa nova fábrica na Eslováquia, para evitar que os seus modelos estivessem sujeitos a impostos adicionais à entrada da Europa, um dos seus mercados mais importantes.

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