Agentes da polícia brasileira realizam esta quinta-feira uma operação contra fraudes na Eletronuclear, no âmbito das investigações da Lava Jato no Rio de Janeiro, cumprindo 12 mandados de prisão temporária e 18 mandados de busca e apreensão.
Entre os alvos estão Silas Rondeau, que foi ministro das Minas e Energia entre 2005 e 2007, e também o ex-deputado da câmara baixa do Congresso brasileiro Anibal Ferreira Gomes.
As buscas e prisões fazem parte da operação Fiat Lux, que por sua vez é um desdobramento das operações Radioatividade, Pripyat, Irmandade e Descontaminação, que apuram desvios de recursos em contratos da estatal de energia nuclear brasileira, Eletronuclear.
Entre os investigados estão também empresários e ex-executivos da estatal, além de outras pessoas suspeitas de colaborarem em atos de branqueamento de capitais.
“A partir da colaboração premiada [confissão de crimes em troca de redução da pena] de empresários presos na Operação Blackout, realizada em 2017 pela Força-Tarefa da Lava Jato no Paraná, foi elucidado o pagamento de vantagens indevidas em pelo menos seis contratos firmados pela Eletronuclear”, explicou um comunicado do Ministério Público Federal do Rio de Janeiro (MPF-RJ).
“Os recursos eram desviados por meio de subcontratação fictícia de empresas de serviços e offshores, que por sua vez distribuíam os valores entre os investigados”, acrescentou.
Os investigadores salientaram que parte do esquema envolveu empresas sediadas no Canadá, França e Dinamarca, por isso o MPF-RJ solicitou a cooperação internacional e irá partilhar o material da investigação com o Ministério Público destes países.
Os mandados de prisão estão a ser cumpridos no Rio de Janeiro, São Paulo, Brasília, Barueri (SP), Petrópolis (RJ) e Niterói (RJ). Fiat Lux é uma expressão latina que pode ser traduzida por “faça-se luz” ou “que haja luz”.
O desmembramento da denúncia oferecida a partir da Operação Radioatividade levou parte das investigações da Lava Jato para o Rio de Janeiro.
Os investigadores alegam que foi constatado o envolvimento de, pelo menos, duas grandes empresas de construção brasileiras, a Andrade Gutierrez e a Engevix, em prática ilícitas, em virtude da execução de contratos e aditivos celebrados com a Eletronuclear para a construção da central nuclear de Angra 3.
Segundo o MPF brasileiro, executivos da Andrade Gutierrez confessaram a existência de um caixa para pagamentos de subornos para funcionários da Eletronuclear.
O esquema também contaria com a celebração de contratos fictícios e expedição de notas fiscais falsas através de várias empresas.
A operação Lava Jato, iniciada em 2014, no estado brasileiro do Paraná, desvendou um vasto esquema de corrupção envolvendo a petrolífera Petrobras e outros órgãos públicos brasileiros, que levou à prisão de empresários, ex-funcionários públicos e políticos.