A Ongoing de Nuno Vasconcellos, empresário que era próximo de Salgado, deixou um “buraco” no Novo Banco que é, afinal, de 600 milhões de euros – anteriormente falava-se em 440 milhões no Novo Banco (mais 230 milhões no BCP). Segundo o Correio da Manhã, com muito poucas perspetivas de recuperação (e mesmo depois de colocar um detetive privado a seguir o empresário que vive na zona de São Paulo, no Brasil), o Novo Banco tentou “despachar” o “calote” com desconto de 99% – mas foi bloqueado nessa tentativa de venda, pelo Fundo de Resolução.
Cerca de dois milhões de euros era o que o Novo Banco aceitava receber por um “calote” que ascende a 600 milhões de euros. Um fundo de investimento norte-americano, ciente das dificuldades que o Novo Banco teve para tentar recuperar esta dívida, não oferecia mais do que esses cerca de dois milhões de euros. Mas o Fundo de Resolução, que através do comité de monitorização tem poder de veto sobre as vendas de ativos herdados do Banco Espírito Santo, impediu que a venda ao fundo Davidson Kempner fosse em diante.
Esta é uma das exposições que foram transferidas do BES para o Novo Banco, na altura da resolução, em agosto de 2014. E é um dos ativos (não rentáveis) que o presidente-executivo, António Ramalho, tem procurado vender no âmbito da “limpeza” que está a ser feita ao balanço da instituição. Este crédito já foi alvo de registo de imparidades, no fundo precavendo o incumprimento total.
Segundo o Correio da Manhã, os dois milhões de euros equivalem ao valor atribuído a dois apartamentos que pertencerão a entidades controladas pelo empresário que agora reside na zona de São Paulo. A Ongoing faliu em 2016 e não tem património para pagar o crédito. Já Nuno Vasconcellos também não tem bens em seu nome em Portugal – ficou célebre a constatação de que em seu nome tinha apenas uma mota de água.
A travar o processo está, também, a dificuldade em identificar o património que o empresário terá no Brasil – chegou a envolver-se uma equipa de detetives privados ao Brasil, para tentar encontrar os bens de Nuno Vasconcellos, mas esse esforço não produziu resultados.
O crédito da Ongoing continua, assim, no balanço do banco, supostamente para recuperação que a instituição considera que será muito difícil.
Ongoing deixou “calote” de 700 milhões no Novo Banco e BCP – 80% dos créditos que recebeu