A EDP decidiu antecipar o encerramento das suas centrais a carvão na Península Ibérica, o que representa um custo extraordinário de cerca de 100 milhões de euros (antes de impostos) em 2020, revelou a empresa esta terça-feira.
Numa “informação privilegiada” publicada pela Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), em Lisboa, a elétrica portuguesa considera que a decisão foi tomada tendo em conta “a continuada deterioração das condições de mercado para estas centrais durante o primeiro semestre de 2020”.
A EDP (Energias de Portugal, S.A.) acrescenta que está a desenvolver projetos nas regiões destas centrais para realizar “potenciais investimentos alinhados com a transição energética”.
No caso da central de Sines (1.180 MW), que não produz energia desde janeiro 2020, será entregue esta terça-feira uma “declaração de renúncia” à licença de produção, para encerramento em janeiro de 2021. Nesta unidade, a empresa tem vindo a desenvolver, em consórcio, um projeto de produção de hidrogénio verde com possibilidade de exportação por via marítima.
Quanto à central Soto de Ribera 3 (346 MW), nas Astúrias (Espanha), que não produz energia “há mais de um ano”, será solicitado o encerramento com prazo previsto em 2021, estando a EDP a desenvolver estudos prévios para a implementação de “um projeto inovador” de armazenamento de energia.
Na central de Aboño (Astúrias), a EDP informa que prossegue o processo de licenciamento de conversão de carvão para gases siderúrgicos.
A elétrica portuguesa assegura que nos referidos processos de encerramento e reconversão irá respeitar “integralmente todas as responsabilidades de índole laboral”. Finalmente, a EDP afirma que está empenhada em “contribuir ativamente” para que as regiões onde estão localizadas estas instalações possam beneficiar do Fundo para a Transição Justa na sua reconversão económica e ambiental.
O novo Fundo para a Transição Justa da União Europeia é uma das formas para concretizar o Pacto Ecológico Europeu, prometido pela Comissão Europeia, para criar uma economia competitiva e que trave as alterações climáticas. Um dos objetivos é reconverter a indústria de produção de energia com base em combustíveis fósseis, tais como o carvão, mas também os setores da habitação e dos transportes.
Em outubro, o Governo anunciou estar preparado para encerrar a central termoelétrica do Pego no final de 2021 e fazer cessar a produção da central de Sines em setembro de 2023.