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Danilo, a figura de uma época que foi de dispensado do estágio a super-herói (a crónica do FC Porto-Sporting)

Este artigo tem mais de 3 anos

Começou a época dispensado de um estágio, acabou a época fora do onze. Mas no jogo decisivo, o capitão Danilo foi o super-herói renascido das cinzas que apareceu para abrir o champanhe da festa.

O internacional português marcou pelo segundo consecutivo e desbloqueou o jogo contra o Sporting
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O internacional português marcou pelo segundo consecutivo e desbloqueou o jogo contra o Sporting

LUSA

O internacional português marcou pelo segundo consecutivo e desbloqueou o jogo contra o Sporting

LUSA

“Whiplash”, filme de 2014, é um ótimo exemplo. Esteve nomeado para as principais categorias dos Óscares, entre Melhor Filme e Melhor Argumento Adaptado, mas somente para uma de representação: a de Melhor Ator Secundário, onde acabou por ganhar, através de uma interpretação brilhante de J. K. Simmons no papel do implacável professor Terence Fletcher. É um filme onde o ator secundário se sobrepôs ao principal para se tornar o verdadeiro destaque. E era precisamente isso que o Sporting queria fazer esta quarta-feira no Dragão.

FC Porto vence clássico no Dragão com golos de Danilo e Marega e sagra-se campeão nacional

De forma atípica mas natural tendo em conta as circunstâncias, apenas uma das duas equipas mais mencionadas em dia de Clássico entrava em campo. A possibilidade de o FC Porto terminar a noite desta quarta-feira como novo campeão nacional, já que só precisava de um ponto para garantir desde já o primeiro lugar no final da temporada, tornava o Benfica o outro protagonista da partida do Dragão, por ser o provável derrotado no final dos 90 minutos. O Sporting, o verdadeiro adversário dos dragões, parecia cair para o fosso do ator secundário. E era precisamente isso que Rúben Amorim queria evitar esta quarta-feira no Dragão.

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Ficha de jogo

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FC Porto-Sporting, 2-0

32.ª jornada da Primeira Liga

Estádio do Dragão, no Porto

Árbitro: João Pinheiro (AF Braga)

FC Porto: Marchesín, Wilson Manafá, Mbemba, Pepe, Alex Telles (Diogo Leite, 84′), Danilo, Loum, Otávio (Romário Baró, 90+3′), Fábio Vieira (Vítor Ferreira, 72′), Luis Díaz (João Mário, 84′), Marega (Soares, 90+3′)

Suplentes não utilizados: Diogo Costa, Tomás Esteves, Zé Luís, Fábio Silva

Treinador: Sérgio Conceição

Sporting: Maximiano, Eduardo Quaresma (Tiago Tomás, 78′), Coates, Borja, Ristovski (Rafael Camacho, 73′), Matheus Nunes, Wendel, Nuno Mendes, Gonzalo Plata (Francisco Geraldes, 54′), Jovane Cabral (Joelson Fernandes, 78′), Sporar

Suplentes não utilizados: Renan, Gonçalo Inácio, Luís Neto, Battaglia, Doumbia

Treinador: Rúben Amorim

Golos: Danilo (64′), Marega (90+1′)

Ação disciplinar: cartão amarelo a Jovane (39′), a Alex Telles (49′), a Pepe (57′), a João Mário (88′), a Wendel (90+7′)

Depois de ganhar ao Tondela na quinta-feira, de ter visto o Benfica empatar com o Famalicão e depois vencer o V. Guimarães, o FC Porto entrava na 32.ª jornada da Liga com a vontade natural de não querer voltar a adiar o título — até porque, pela primeira vez nesta epopeia, dependia apenas de si mesmo para chegar ao objetivo de reconquistar o Campeonato. E era precisamente isso que Sérgio Conceição queria alcançar esta quarta-feira no Dragão.

Do outro lado, do lado do ator secundário, o Sporting procurava manter-se invicto com Rúben Amorim e queria ganhar ainda mais vantagem para o Sp. Braga no terceiro lugar, já que entrava em campo depois de os minhotos terem empatado com o Belenenses SAD na Pedreira. Assentes numa exibição tímida contra o Santa Clara onde o resultado foi melhor do que o jogo em si, os leões queriam capitalizar os bons indicadores dados pelos jovens Eduardo Quaresma, Nuno Mendes, Matheus Nunes e Jovane Cabral, aliados ao bom momento de Wendel, para surpreender no Dragão e procurar estragar a festa antecipada do FC Porto. E era precisamente isso que Sérgio Conceição queria impedir esta quarta-feira no Dragão.

Sem Sérgio Oliveira, lesionado, e sem Corona e Uribe, ambos castigados por acumulação de cartões amarelos, Sérgio Conceição optava por retirar uma peça ao ataque, deixando Soares no banco, para reforçar o setor intermédio: Loum, Danilo, Fábio Vieira e Luis Díaz eram todos titulares, sendo que o jovem médio se estreava no onze dos dragões. Do outro lado, Rúben Amorim não surpreendia e só lançava Borja no lugar do também castigado Acuña, enquanto terceiro central.

O jogo arrancou com velocidade e logo com um golo anulado. Nuno Mendes subiu pelo corredor esquerdo, rematou para defesa de Marchesín e Sporar apareceu na recarga para bater o argentino (1′); o lance, porém, foi anulado pelo VAR por posição irregular do avançado leonino. Do outro lado e antes ainda de estar cumprido o quarto de hora inicial, a história foi semelhante. Luis Díaz aproveitou um passe em profundidade de Fábio Vieira para aparecer na cara de Max e marcar mas dominou a bola com a mão e a jogada também não valeu (10′). Em resumo e em 15 minutos, só um remate foi feito no Dragão — o de Nuno Mendes logo aos 15 segundos.

Num jogo com pouca baliza, muito discutido na zona do meio-campo e com as duas equipas encaixadas e sem espaço nem criatividade para desenhar lances disruptivos, Otávio ainda assustou Max com um remate rasteiro de longe que passou ao lado (24′) e Jovane cabeceou por cima (34′) depois de Manafá ter falhado por completo a marcação ao jovem avançado na sequência de um canto. A partida desenrolou-se aos repelões, principalmente nos últimos 10 minutos, e nem FC Porto nem Sporting conseguiam impor uma ideia de jogo coerente que não fosse previsível para o adversário. Com poucos lances de perigo, dois golos anulados e uma qualidade bem abaixo da média, o Clássico foi para o intervalo ainda com um nulo no marcador — e com o FC Porto a 45 minutos de ser novamente campeão nacional.

[Carregue nas imagens para ver alguns dos melhores momentos do FC Porto-Sporting:]

Na segunda parte, e com os minutos iniciais a confirmarem uma lógica de pouco futebol e ainda menos entrosamento, Rúben Amorim não esperou sequer 10 minutos para fazer a primeira substituição e trocou Gonzalo Plata por Francisco Geraldes. O Sporting tinha mais bola e mais presença no meio-campo adversário, até por estar com as linhas mais adiantadas no terreno, mas os jogadores pareciam permanentemente demasiado afastados: Sporar estava isolado, Wendel e Matheus Nunes não conseguiam ligar o setor mais defensivo ao avançado, Ristovski e Nuno Mendes apareciam muito encostados à ala e acabava por ser Jovane, mais inconformado na segunda parte, a procurar desequilibrar. Geraldes entrou precisamente para criar conexões, atuando mais nas costas de Sporar e mais perto da dupla do meio-campo, para oferecer soluções e linhas de passe.

Do outro lado, o FC Porto parecia apostar principalmente nas transições rápidas depois de passes errados do Sporting, aproveitando a velocidade de Luis Díaz e Otávio. Com cerca de uma hora de jogo cumprida, o encontro continuava parado num marasmo de escassez de criatividade e ideias — ainda que um crescente caráter partido e desconexo deixasse adivinhar que o golo poderia cair para qualquer um dos lados a qualquer momento. Fábio Vieira mostrou isso mesmo, com um remate de fora de área que esbarrou na trave da baliza de Max (63′), e abriu a porta ao lance que acabou por mudar o encontro. Na sequência de um canto batido na direita, Danilo antecipou-se ao primeiro poste, longe da marcação leve de Eduardo Quaresma, e cabeceou para inaugurar o marcador (64′), marcando pelo segundo consecutivo.

Até ao final, pouco mais aconteceu para lá das várias substituições que diminuíram em larga escala a média de idades dos jogadores em campo, com as entradas de Rafael Camacho, Joelson Fernandes e Tiago Tomás no Sporting e Vítor Ferreira, Diogo Leite e João Mário no FC Porto. Os leões tomaram por completo a dianteira da partida até ao fim do jogo mas não conseguiram sequer chegar perto do golo do empate, permitindo o segundo golo dos dragões já nos descontos, por intermédio de Marega (90+1′).

O FC Porto conquistou o segundo Campeonato em três anos, recuperou o título depois de o ter perdido para o Benfica na temporada passada e sobreviveu após ter estado a sete pontos de distância dos encarnados. O Sporting, por outro lado, perdeu pela primeira vez na era Amorim — que também sofreu a primeira derrota na Primeira Liga –, e ficou com apenas dois pontos de vantagem para o Sp. Braga no terceiro lugar.

Danilo Pereira, o capitão que esta quarta-feira foi titular devido à lesão de Sérgio Oliveira, tornou-se o símbolo de uma equipa de Sérgio Conceição que acredita na reabilitação, na resolução e na recuperação. Danilo começou a temporada dispensado de um estágio, depois de uma discussão com o treinador, chegou a recusar usar a braçadeira e acabou a época no banco de suplentes, afastado do onze inicial. Mas no jogo decisivo, no jogo que deu o título ao FC Porto, foi Danilo quem apareceu a desbloquear o resultado e a abrir o marcador. Como super-herói renascido das cinzas.

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