A associação Animal solicitou este domingo ao Governo e ao parlamento que sejam apuradas responsabilidades no caso das mortes de animais num abrigo particular em Santo Tirso devido a um incêndio florestal.
A organização adianta, num comunicado, que “depois do sucedido na madrugada passada, em que vários animais acabaram por morrer queimados num suposto abrigo de proteção de animais na zona de Santo Tirso”, enviou hoje mesmo uma missiva ao Governo e ao parlamento a esse respeito e a disponibilizar-se para dar formação aos agentes da autoridade nesta matéria.
“O que se passou a noite passada é absolutamente inadmissível e o comunicado que a GNR fez hoje a respeito é vergonhoso. Perderam-se vidas, que seguramente agonizaram terrivelmente enquanto a morte chegava, em nome da propriedade privada”, afirmam.
A organização sublinha que se “rege por princípios pacíficos e legais”, mas que sabe “em casos extremos há formas de se conseguir entrar nos locais e salvar vidas, ao abrigo da lei”.
“É lamentável que as autoridades não o saibam, não queiram saber, e, pior, faltem com a verdade. Falo de autoridades policiais, mas a autoridade veterinária concelhia foi igualmente negligente, o que, infelizmente, não é incomum”, argumentam.
A presidente da Animal, Rita Silva, refere que o que pede ao Governo, na pessoa do primeiro-ministro, com conhecimento aos ministérios da Administração Interna e da Agricultura, bem como aos membros do parlamento, “é que se apurem responsabilidades e tudo se faça para que uma desgraça assim não se repita”.
“Mais informamos que voltámos a oferecer os nossos préstimos ao Governo, querendo fazer parte da solução, apresentando um plano de formação e sensibilização para as autoridades, não só para casos de catástrofe, onde contaremos com a colaboração da ONG colega SOS Animal, mas também e essencialmente no trabalho diário de aplicação da legislação vigente no que concerne a maus tratos, omissão de cuidados e negligência contra animais. Estamos em 2020 e as respostas continuam a ser miseráveis”, acrescenta.
“É raro o dia em que não temos problemas com as autoridades por se recusarem a fazer cumprir a lei, responderem-nos mal ou nem sequer responderem. As exceções são valorosas, mas infelizmente são isso mesmo, exceções”, afirma a dirigente.
A GNR esclareceu hoje que a morte de animais no incêndio em Santo Tirso não se deveu ao facto de ter impedido o acesso ao local de populares, mas à dimensão do fogo e à quantidade de animais.
“É importante salientar que as consequências trágicas deste fogo não tiveram qualquer correspondência com o facto de a Guarda ter impedido o acesso ao local por parte dos populares. A essa hora, já tinham sido salvos os animais que foi possível salvar”, explica a GNR, em comunicado.
O PAN alertou hoje que o incêndio de grandes proporções em Santo Tirso, no distrito do Porto, atingiu dois abrigos de animais e refere que “dezenas de animais já morreram carbonizados”, apelando a mudanças na legislação.
A GNR afirma no comunicado que, na sequência do incêndio que se iniciou no sábado, numa zona florestal da freguesia de Sobrado, concelho de Valongo, e que se propagou para a freguesia de Agrela, no concelho de Santo Tirso, “foi consumido parte de um terreno, no qual se encontravam diversas instalações com cães”.
“Enquanto o incêndio deflagrava, ainda durante a tarde [de sábado], a ação da GNR foi essencial para permitir que tivessem sido resgatados, com vida, a maior parte dos cães. Lamentavelmente, a dimensão do fogo e a grande concentração de animais naquele local, impediram que tivesse sido possível resgatar todos os animais com vida, tendo sido recuperados alguns já sem vida”, lê-se na nota.
O comunicado acrescenta que “os bombeiros combateram o incêndio, conseguindo evitar que o espaço ardesse todo, havendo condições para que os restantes animais permanecessem no local até que se resolvesse a situação, sendo retirados apenas os animais feridos, por indicação do veterinário municipal”.
Mais tarde, segundo a GNR, já na fase de rescaldo do incêndio, “durante a madrugada, diversos populares pretenderam aceder ao terreno, situação para a qual a Guarda foi alertada pela proprietária do terreno”.
“Pelo facto de, àquela hora, já não existir urgência, uma vez que a situação estava já a ser tratada pelas entidades competentes e por se tratar de propriedade privada, os militares da Guarda impediram os populares de aceder ao espaço”, justifica esta força de segurança.
A GNR termina o comunicado dizendo que, “neste momento, está a ser efetuada uma inspeção ao local pelo veterinário municipal”.