A startup portuguesa Talkdesk está a ser alvo de um processo judicial no Tribunal da Comarca de Lisboa, avançou o jornal Expresso e confirmou o Observador. Em causa está um diferendo relativo ao escritório da empresa nas Amoreiras (Lisboa), sob a alçada da gestora de imóveis Páginas Salgadas, e que pode custar ao unicórnio (empresa avaliada em mais de mil milhões e dólares) uma indemnização de 1,56 milhões de euros.
Ao Observador, fonte da Talkdesk disse apenas que “a Páginas Salgadas é gestora de espaços de escritórios e a ação interposta à Talkdesk decorre de um diferendo sobre o escritório. De momento, o tema está entregue ao nosso Departamento Jurídico”.
A Talkdesk foi fundada por Tiago Paiva e Cristina Fonseca (que entretanto saiu das operações da empresa) em 2011 e atua na área dos contact centers. Com sede em São Francisco, no EUA, a empresa tem também cinco escritórios em Portugal, sendo que em março revelou a abertura do último, em Oeiras, para o qual pretendia contratar cerca de 100 pessoas até ao final do ano. Em Coimbra e Aveiro, a startup tem também os laboratórios TDX, dedicados a explorar tecnologias emergentes.
Segundo o jornal Expresso, a Páginas Salgadas alega um “incomprimento contratual” e terá tentado chegar a um acordo com a Talkdesk, para evitar o litígio, mas sem sucesso. A empresa já terá abandonado os escritórios.
A empresa está presente em mais de 75 países e nasceu com a promessa de montar um call center em apenas cinco minutos. Com cerca de 1.800 clientes como a IBM, a Acxiom, a Trivago ou ou a Peloton, conta com 124,5 milhões de dólares investidos. Em outubro de 2018, fechou a ronda série B, no valor de 100 milhões de dóalres, que a avaliou em 1,2 mil milhões, liderada pelos investidores nova-iorquinos Viking Global. Nessa operação de financiamento. participaram também a capital de risco californiana DFJ.
A Talkdesk vale mil milhões de euros. É o terceiro “unicórnio” com ADN português
No início de junho, fonte da Talkdesk admitia ao Observador que a pandemia também estava a ter impacto no seu negócio, mas que se tinha adaptado à nova realidade rapidamente. “A pandemia é um fenómeno de impacto mundial e a Talkdesk não é imune aos acontecimentos. De qualquer forma, como fornecedor de soluções na cloud, a nossa adaptação rápida ao trabalho remoto foi natural e, como resultado, continuamos a crescer”, referiu fonte da empresa, sublinhando que não estavam a reduzir a equipa devido à pandemia de Covid-19.
“Acreditamos que estamos a viver um momento diferente e, por isso, alguns empreendedores e startups precisam de se reinventar. Crescer em terreno instável deve fazer parte do DNA das startups. Problemas novos exigem soluções inovadoras. Tempos desafiadores apresentam também novas oportunidades e agora pode ser o momento em que novas empresas emergem para liderar a inovação”, referia a empresa em junho.
Segundo o jornal Expresso, este não será o único processo judicial em que a Talkdesk está envolvida. Também terá sido movida outra ação judicial no Tribunal da Comarca do Porto, no início de julho, com um valor de 213 mil euros e que foi interposta pela empresa de escritórios Braamcamp 119. De acordo com o mesmo jornal, a empresa tem outro processo em mãos em Lisboa, mas de natureza laboral.