Foi o momento em que, nas casas de todos os adeptos do FC Porto que estavam a assistir em família à final da Taça de Portugal, avós, pais e filhos se juntaram para olhar para a televisão. Marcelo Rebelo de Sousa, Presidente da República, entregou o troféu a Danilo, capitão de equipa, e o levantar da Taça estava preso por segundos. Danilo, porém, olhou para trás e esperou: até que o motivo da espera emergiu do meio do grupo para aparecer junto ao capitão e a Sérgio Conceição, mesmo na linha da frente. Iker Casillas, líder que está de saída para assumir uma posição na estrutura do Real Madrid, levantou o troféu a meias com Danilo e protagonizou um dos momentos mais emotivos da noite.
No Estádio Cidade de Coimbra, a terra natal de Sérgio Conceição, o FC Porto conquistou a oitava dobradinha da história, a sétima com Pinto da Costa e a primeira desde 2011, ano em que André Villas-Boas também venceu Campeonato e Taça de Portugal. Mais do que isso, os dragões igualaram o Sporting como segunda equipa com mais Taças (17, atrás das 26 do Benfica), voltaram a ganhar uma final em inferioridade numérica, 22 anos depois da última, e ainda terminaram a época com cinco vitórias em cinco Clássicos disputados em todas as competições, algo que nunca tinha acontecido na história do clube. Mais: na história do futebol português, só mesmo o Benfica de Jimmy Hagan, em 1972, tinha conseguido ganhar todos os Clássicos da época, sendo que há 48 anos os encarnados ganharam mesmo seis jogos numa temporada entre FC Porto e Sporting.
Com a vitória desde sábado, frente ao Benfica, o FC Porto vingou ainda a derrota no Jamor na temporada passada, quando o Sporting de Marcel Keizer conseguiu conquistar a Taça de Portugal nas grandes penalidades. Mais do que isso, e além de afastar a malapata pessoal que Sérgio Conceição tinha com a Taça — conseguiu vencer o troféu depois de duas finais perdidas –, os dragões souberam terminar uma série de jogos decisivos que não conseguiram ganhar. Com a memória recente das duas últimas finais da Taça da Liga e a última da Taça de Portugal, aliada aos desaires com o Sp. Braga nas duas competições (2013 e 2016), a verdade é que o FC Porto não ganhava uma final desde 2010/11, precisamente quando conquistou a Taça de Portugal pela última vez e ainda venceu a Liga Europa.
⌚️Apito final: SLB 1-2 FCP
⚠️Foi a 2.ª vez que o ????FC Porto venceu uma final em desvantagem numérica, a 1.ª sem vantagem no marcador:
2020 v Benfica, estava 0-0 [V 2-1] na Taça com ????????Sérgio Conceição
1998 v SC Braga, em vantagem por 2-1 [V 3-1] na Taça com ????????Sérgio Conceição pic.twitter.com/XB6oxsNz57— Playmaker (@playmaker_PT) August 1, 2020
Na flash interview, e sem que Sérgio Conceição tenha aparecido na conferência de imprensa, foi Pepe a dar a cara pela equipa. “Sentimos aquela raiva por não podermos ter o apoio dos adeptos, mas entrámos bem no jogo. A equipa teve um caráter muito grande, depois da expulsão soubemos sofrer juntos e acreditámos que era possível ganhar. O querer deste grupo é fantástico. Merecíamos isto, fomos muito superiores quando estivemos 11 contra 11. Mesmo quando estivemos com 10 fizemos um jogo muito inteligente”, explicou o internacional português, que ainda reconheceu a tristeza por não poder festejar na rua com os adeptos. “Fica aquela coisa dos Aliados”, atirou Pepe, que disse ainda “sonhar” com a renovação das conquistas na próxima temporada.