O Desportivo das Aves falhou o recurso ao veto de inscrição nas competições profissionais da próxima época, confirmou esta terça-feira Estrela Costa, acionista da empresa gestora da SAD do clube despromovido à Segunda Liga de futebol.

“O tribunal ainda não viabilizou o Processo Especial de Revitalização (PER) solicitado em 24 de julho. A lei é clara: não podemos fazer a inscrição com um PER se não tivermos esse acordo homologado no Tribunal da Comarca de Santo Tirso. Como nada disso aconteceu, não valia a pena recorrer”, explicou à agência Lusa a dirigente dos nortenhos.

A administração do emblema do concelho de Santo Tirso tinha de apresentar a documentação junto dos serviços da Liga Portuguesa de Futebol Profissional (LPFP) até às 23h59 horas de segunda-feira, mas, ao contrário do Vitória de Setúbal, dispensou a contestação junto do Conselho de Justiça da Federação Portuguesa de Futebol (FPF).

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Nortenhos e sadinos falharam na quarta-feira os requisitos de licenciamento rumo às provas profissionais de 2020/21, tendo a Comissão de Auditoria da LPFP detetado três critérios legais e 13 financeiros infringidos pelo Desportivo das Aves, que tenta negociar com os 32 credores a reestruturação de todas as dívidas num único plano de pagamento.

“Continuamos com dívidas à Autoridade Tributária e à Segurança Social. A boa notícia é que ficaram extintas as dívidas para com outras sociedades desportivas. Contudo, não podíamos fazer nada em todas as outras alíneas sem um PER aprovado e homologado”, enquadrou Estrela Costa, conformada com a descida ao Campeonato de Portugal.

A SAD do Desportivo das Aves, liderada pelo chinês Wei Zhao, acumula quatro meses de salários em atraso, responsáveis por 11 rescisões unilaterais de atletas na reta final da Primeira Liga, no qual obteve a 18.ª e última posição, com 17 pontos, outros tantos abaixo da zona de salvação, consumando a descida à Segunda Liga pela via desportiva, a par do Portimonense.

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“Já estamos a preparar a próxima época. Vamos um bocadinho atrasados, até porque temos umas questões logísticas e financeiras pendentes da época anterior. Sabemos perfeitamente que é difícil, mas estamos a criar uma equipa sustentável”, apontou a acionista maioritária da empresa Galaxy Believers, que controla 90% do futebol avense.

Os nortenhos recrutaram dois reforços, “que a seu tempo serão apresentados”, e querem “aproveitar alguns jogadores Sub-23”, desígnio que “provavelmente” inviabilizará a construção de uma equipa para defender os títulos da Liga e da Taça Revelação na temporada 2020/21, na qual pretendem manter a aposta no treinador Nuno Manta Santos.

“Tem contrato connosco [até junho de 2021] e irá connosco para o Campeonato de Portugal, a não ser que ele decida o contrário. Cheguei a falar com o empresário dele [Alexandre Pinto da Costa] e estamos devidamente articulados. O treinador não rescindiu e nós também não queremos rescindir. Tudo indica que seguirá connosco”, concluiu.

A LPFP convidou o Portimonense, 17.º e penúltimo colocado, a manter-se na Primeira Liga e o Cova da Piedade e o Casa Pia a ficarem na Segunda Liga, após terem sido despromovidos pela via administrativa, com o cancelamento daquele escalão devido à pandemia de Covid-19.