Aos 23 anos, Olga Kassian é uma jovem empreendedora que se atirou a uma área que desconhecia por completo, a joalharia. Os meses de pesquisa e uma orientação intrínseca para a sustentabilidade fizeram nascer a Wonther, cujas peças são certificadas pelo Responsible Jewellery Council (RJC). O selo do futuro ganha terreno em Portugal, contudo a marca assume-se como a única voltada para o mercado nacional com uma produção e materiais inteiramente responsáveis, ética e ambientalmente.

“Isto implica que haja muito cuidado em garantir que todos os materiais são éticos e sustentáveis, quer na produção das peças e na obtenção das matérias-primas, quer nas próprias embalagens onde as vendemos”, explica Olga ao Observador. O selo assegura toda a cadeia, desde a extração dos metais (neste caso prata e ouro de 24 quilates) a sua manipulação que dá lugar às peças.

Olga Kassian, fundadora da Wonther © Maria Cunha

O processo acontece no norte do país, numa das três empresas portuguesas certificadas pelo RJC. De onde saem as peças da Wonther saem as de outras marcas, contudo são maioritariamente chancelas internacionais, algumas bastante conhecidas do público e por isso protegidas por contratos de confidencialidade. Outras são portuguesas, mas não garantem que a totalidade da produção é feita nestes fabricantes.

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Olga completou os estudos em Engenharia e Gestão Industrial, o que a fez partir em vantagem no que toca a trâmites entre fábricas e fornecedores. Para a vertente criativa, contou com a ajuda de uma designer. Já viveu e trabalhou em Nova Iorque, o geriu a loja de uma marca portuguesa. Além da sustentabilidade, o empoderamento feminino é outra das premissas da Wonther — a marca nasceu em novembro do ano passado, da vontade de criar objetos especiais.

“Voltei de lá com o bichinho de criar um projeto nesta área. Sempre quis algo que trouxesse motivação às mulheres e a joalharia é uma forma excelente de fazê-lo — são peças para celebrar tudo o que queremos atingir na vida”, afirma a fundadora. “Mas depois pensei: se for para criar um negócio que não traz qualquer benefício ao mundo em que vivemos, então nem sequer faz sentido. Nem que seja com pequenas ações, temos sempre de fazer melhor”, completa.

Brincos Double Boomerang, 74 euros

Com sede em Braga, a Wonther de Olga Kassian vende sobretudo online, embora haja também uma loja em Brooklyn que comercializa algumas das peças. Os Estados Unidos e o Reino Unidos, em particular Londres, são os principais mercados, depois do nacional. A internacionalização é a aposta que se segue, continuar a apostar em novas soluções de envio (os plásticos são evitados e as embalagens são em cartão reciclado) também, da mesma forma que a jovem empresária pretende desenvolver a produção de peças em ouro.

Traga a sua prata. A Wonther quer reciclá-la

A mais recente campanha da Wonther desafia os portugueses a desfazerem-se dos objetos em prata que já não querem. Até ao final de agosto, a marca recebe tudo — de joias a talheres — em troca de um vale de 20% de desconto na próxima compra. “O objetivo é continuarmos a trabalhar com o nosso fornecedor e utilizar a prata para novas peças”, explica.

Se por um lado a mineração está entre as atividades mais poluentes do mundo, a realidade é que os metais preciosos podem ser reciclados ilimitadamente. “Todo nos lembramos de reciclar papel e vidro, mas a prata passa-nos ao lado”, acrescenta. O baixo valor deste metal faz com que seja pouco lucrativo vender velhas peças. A Wonther quer dar-lhes uma nova vida. Sem revelar mais detalhes, esta é só a primeira ação de uma estratégia de sensibilização para a reciclagem de materiais. De onde veio esta ideia, há mais.

Nome: Wonther
Data: 2019
Ponto de venda: loja online
Preços: dos 35 aos 306 euros

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