Por muito que seja ainda uma espécie de “patinho feio” do futebol português, Moussa Marega é um dos jogadores mais decisivos do FC Porto, tendo, por exemplo, marcado em todos os clássicos desta temporada (todos eles, também, ganhos pelos dragões). Esta terça-feira o Jornal de Notícias publica uma entrevista com o maliano onde o tema do racismo tem lugar de destaque, bem como a retrospetiva da temporada que terminou.

“Foi importante [a reação positiva ao incidente racista no jogo contra o Vitória de Guimarães] mas não é com slogans que as coisas podem mudar. É com atos”, afirma o avançado que esta época, pela primeira vez desde que Conceição assumiu controlo, não fez mais de 20 golos.

Marega foi notícia em todo o mundo por ter abandonado o terreno de jogo em Guimarães depois de ser alvo de cânticos racistas. “A certas pessoas, o que se passou em Guimarães mudou-lhes a mentalidade, mas, à generalidade, não se sabe se mudou ou não, porque ainda não se conhece qualquer sanção. Não sei o que se passa. Já não se fala disso, mas o certo é que a partir do momento em que sucedeu, aquilo deu a volta ao Mundo. Foi muito importante, porque se falou disso em todo o lado, mas não são as bandeirolas ou as t-shirts com slogans contra o racismo que vão mudar as coisas. Até agora, nada mudou”, diz.

“Pelo menos eu não recebi nenhuma notícia a esse respeito. Espero para ver”, afirmou o jogador que nessa partida marcou o golo do desempate [1-2], tento que considera ter sido o mais importante da temporada — “Estava 1-1, eles tinham conseguido chegar ao empate e consegui marcar o 2-1. Foi um jogo decisivo para nós, porque é muito difícil ganhar em Guimarães”. 

Perante as críticas de que muitas vezes é alvo — diz-se que é pouco dotado tecnicamente, por exemplo — Marega defende-se dizendo que “cada pessoa tem o seu estilo de jogo” e que para ele o que importa são “as estatísticas”, já que se uma equipa  joga bem mas não marca e não ganha, “não serve de nada jogar bem.” O mais importante “é ser decisivo em termos estatísticos”.

Ainda sobre a campanha portista nesta atípica época 19/20 o jogador diz que não faz “a menor ideia” de qual foi o segredo para o FC Porto ter vencido a dobradinha (Campeonato mais Taça de Portugal) mas destaca a união do coletivo como fator importante para selar esses objetivos. Assume ainda que a fase em que esteve mais afastado dos golos o fez sofrer bastante, apesar de no fim ter conseguido “despertar e marcar golos.”

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