O filme português “A metamorfose dos pássaros”, de Catarina Vasconcelos, venceu neste sábado o prémio de Melhor Filme do festival DokuFest, no Kosovo, anunciou a agência Portugal Film — Agência Internacional do Cinema Português.
“Depois de ter vencido o prémio da Crítica Internacional – FIPRESCI, na Berlinale, onde teve a sua estreia mundial, o prémio de Melhor Filme no festival de Vilnius, na Lituânia, e o prémio Especial do Júri no Festival de Taipei, em Taiwan, a primeira longa-metragem da realizadora Catarina Vasconcelos vence hoje o prémio de Melhor Filme no festival de cinema DokuFest, no Kosovo, um dos mais importantes festivais de documentário da região dos Balcãs”, refere a Portugal Film, num comunicado hoje divulgado.
“A metamorfose dos pássaros”, uma ficção documental de traços biográficos, integrava a secção competitiva internacional de longas-metragens do Dokufest, cuja 19.ª edição está a decorrer desde 07 de agosto, ‘online’ devido à pandemia da covid-19.
Segundo a Portugal Film, o júri, que inclui o realizador Patrick Bresnan, a programadora Rebecca de Pas e o escritor e programador Greg de Cuir, “destacou a elegante reconstrução de uma história intemporal e universal e as possibilidades criativas que o cinema de não ficção oferece”, bem como “a brilhante primeira longa-metragem e a vitalidade do cinema português contemporâneo”.
A 19.ª edição do DokuFest termina em 25 de agosto.
Em competição no festival estavam também duas curtas-metragens portuguesas: “Cães que ladram aos pássaros”, de Leonor Teles, e “Noite Perpétua”, de Pedro Peralta.
Catarina Vasconcelos, 33 anos, demorou seis anos na criação deste filme, depois de ter feito a primeira curta-metragem, “Metáfora ou a tristeza virada do avesso” (2013), em contexto académico em Londres.
Os dois filmes aproximam-se em aspetos formais e temáticos e interligam-se porque Catarina Vasconcelos filmou a família, abordando a relação dos pais e a morte da mãe, na curta-metragem, e a história de amor dos avós e a morte da avó paterna – que nunca conheceu -, na longa-metragem.
“Eu queria que [o filme] fosse sobre esta família, mas que pudesse falar com outras pessoas. […] O tempo que ele demora é quase o tempo que eu demoro a conseguir sair de mim para chegar aos outros. Consegui libertar-me da minha família e do medo de inventar sobre eles, para poder inventar à vontade. Isso foi muito importante”, contou em entrevista à agência Lusa.
É por isso que Catarina Vasconcelos apresenta “A metamorfose dos pássaros” como um ‘documentário-ficção’, um filme que está no meio, um “híbrido de formas” baseado nas memórias das infâncias e juventudes da família e preenchido pela ficção.
Sobre este filme, Catarina Vasconcelos fala de “um processo altamente íntimo e pessoal”, na conjugação da montagem de som e imagem, devedora de uma relação que a realizadora tem com as artes plásticas e descrita como “uma coisa muito analógica, de bricolagem”.
Há planos que parecem pinturas ou fotografias animadas, composições visuais encenadas e metafóricas, cheias de simbolismos, sobre a passagem do tempo e sobre a omnipresença da natureza.
“Todo este lado que vem mais das artes plásticas foi muito importante e o filme não podia ter sido construído noutro sítio. Foram as soluções que encontrei para dar resposta a coisas que eu sentia”, explicou.
“A metamorfose dos pássaros” foi produzido por Pedro Duarte e Joana Gusmão, com apoio financeiro do Instituto do Cinema e do Audiovisual, da RTP e da Fundação Calouste Gulbenkian.
Segundo a Portugal Film, “A metamorfose dos pássaros” já foi selecionado “para mais de 25 festivais internacionais, nos Estados Unidos, Rússia, Espanha, Grécia, Coreia, Canadá, Polónia, Brasil, México, Austrália, Itália, entre outros”. Além disso, “o filme também já foi vendido no território chinês, onde terá estreia comercial”.
Em Portugal, a primeira ‘longa’ de Catarina Vasconcelos será exibida no festival IndieLisboa, que decorre entre 25 de agosto e 5 de setembro, integrado na competição nacional.