O estado alemão da Baviera anunciou que conseguiu, finalmente, localizar 903 das 949 pessoas infetadas com o novo coronavírus a quem se tinha perdido o rasto nas últimas semanas. Um problema que surgiu devido a falhas e atrasos na computação de dados que deixaram cerca de 44 mil pessoas (949 das quais “positivas”) várias semanas sem saber se tinham tido um teste positivo ou negativo. A gestão da pandemia naquela região mergulhou num caos que levou a secretária estadual de Saúde a colocar o lugar à disposição e o primeiro-ministro Markus Söder, visto como possível sucessor de Angela Merkel, a pedir desculpa publicamente.
As 44 mil pessoas em causa eram todas viajantes, incluindo turistas vindos de outros países, que regressaram ao estado alemão e nesse momento voluntariaram-se para fazer testes à Covid-19 em centros instalados em autoestradas e estações de comboio e autocarro. Seguiram viagem mas ficaram, depois, vários dias sem saber qual tinha sido o resultado – o que se tornou ainda mais preocupante quando se percebeu que 949 desses testes tinham tido resultado positivo. Só que o problema impediu que as pessoas fossem notificadas em devido tempo – e, mesmo agora, continuam por localizar 46 infetados.
As dificuldades explicam-se, segundo as autoridades, por uma procura maior do que a esperada por estes testes. Segundo a imprensa alemã, inicialmente o processo implicava o preenchimento dos dados das pessoas em papel. Essas informações eram, depois, inseridas à mão em folhas de cálculo de Excel, um trabalho moroso feito em parte por cerca de 1.000 voluntários disponibilizados por organizações como a Cruz Vermelha – entidade que viria a queixar-se de ter servido de bode expiatório, sentindo-se acusada pelo governo de ter tido culpa dos atrasos.
Melanie Huml, secretária estadual da Saúde da Baviera, colocou o lugar à disposição mas acabou por ser apoiada publicamente pelo primeiro-ministro. Quando o problema se agravou, Huml disse que não estava “ciente da dimensão do problema” e explicou que o número de testes feitos vinha aumentando de dia para dia – acabou por contratar empresas privadas para ajudar com a computação dos dados, que passou a ser feita totalmente de forma digital, e anunciou que seriam feitos turnos noturnos para mais rapidamente recuperar o trabalho atrasado.
A oposição ao conservador Markus Söder criticou o governo pelo “desastre” que foi esta operação de testagem nas autoestradas e estações – que foi apresentada com pompa e circunstância pelo governo local – e considerou que as autoridades estavam a “brincar com a saúde” dos cidadãos daquele estado do sul da Alemanha e que o caso foi uma “vergonha nacional”. Söder é visto como possível sucessor de Angela Merkel – que já indicou que não vai recandidatar-se a um quinto mandato como chanceler – mas, até ao momento, tem garantido que está nos seus planos continuar como primeiro-ministro da Baviera.