O procurador-geral da República (PGR) da Guiné-Bissau, Fernando Gomes, confirmou esta quarta-feira que o antigo primeiro-ministro guineense Aristides Gomes está indiciado por vários crimes.

“Sim, confirmo. Está indiciado por vários crimes e oportunamente vamos falar à imprensa sobre essa situação”, afirmou Fernando Gomes, após ser questionado pela imprensa sobre se tinha convocado Aristides Gomes para ser ouvido. Nas declarações aos jornalistas, Fernando Gomes disse também que não há nenhuma perseguição a Aristides Gomes e que estão a trabalhar com a Organização das Nações Unidas (ONU) sobre o assunto.

Questionado sobre as denúncias do Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC) de perseguição aos seus dirigentes e antigos membros do Governo de Aristides Gomes, o PGR disse para fazerem uma “denúncia no Ministério Público”.

O responsável pelo Ministério Público falava após ter sido apresentada a Comissão de Recuperação dos Bens do Estado, criada depois de Fernando Gomes ter dado um prazo de 90 dias, que já terminou, para ser entregue dinheiro e bens retirados ao Estado guineense.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Aristides Gomes está sob custódia das Nações Unidas há vários meses, apesar de a organização nunca o ter confirmado oficialmente.

O PAIGC pediu à ONU, bem como à restante comunidade internacional, para “assegurarem a permanência de Aristides Gomes nas instalações das Nações Unidas, em condições de segurança e dignidade para garantia da sua integridade física e moral”.

Depois de a Comissão Nacional de Eleições ter declarado Umaro Sissoco Embaló vencedor da segunda volta das eleições presidenciais, o candidato dado como derrotado, Domingos Simões Pereira, líder do PAIGC, não reconheceu os resultados eleitorais, alegando que houve fraude e meteu um recurso de contencioso eleitoral no Supremo Tribunal de Justiça, que não tomou, até hoje, qualquer decisão.

Umaro Sissoco Embaló assumiu unilateralmente o cargo de Presidente da Guiné-Bissau em fevereiro e acabou por ser reconhecido como vencedor das eleições pela Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO), que tem mediado a crise política no país, e restantes parceiros internacionais.

Após ter tomado posse, o chefe de Estado demitiu o governo liderado por Aristides Gomes, saído das eleições legislativas de 2019 ganhas pelo PAIGC, e nomeou um outro liderado por Nuno Nabian, líder da Assembleia do Povo Unido-Partido Democrático da Guiné-Bissau (APU-PDGB), que assumiu o poder com o apoio das forças armadas do país, que ocuparam as instituições de Estado.

Nuno Nabian acabou por fazer aprovar o seu programa de Governo no parlamento guineense, com o apoio de cinco deputados do PAIGC.