O número elevado de casos desta quarta-feira (362) e os anteriores, considerando os três dias consecutivos abaixo das 200 infeções, mostram a “fragilidade das nossas conquistas”, disse Marta Temido na habitual conferência de imprensa. A ministra da Saúde explicou, no entanto, que os números de hoje poderão significar um “atraso no registo dos últimos dias que estavam artificialmente mais baixos do que aquilo que era a realidade”.

Para a quantidade de casos registados esta quarta-feira, adiantou Temido, terão contribuído infeções essencialmente associadas a casos que surgiram em alguns agrupamentos de saúde, no Norte, e aos surtos noticiados nas últimas horas, em Lisboa e Vale do Tejo: no Hospital de Vila Franca de Xira e num lar em Setúbal. Há, neste momento, 154 surtos ativos.

Relativamente ao índice de transmissibilidade (Rt), Marta Temido explicou que é de 1 para os dias 17 a 21 de agosto, o que significa “um ligeiro decréscimo” face ao valor anterior apresentado. “Estamos para estes dias, 17 a 21 de agosto, com 237 novos casos por dia. Uma trajetória de crescimento que foi interrompida no início de agosto e que está agora numa tendência constante.”

“Isolar não é abandonar”, diz Graça Freitas

Questionada sobre a norma da DGS que prevê o isolamento de 14 dias para crianças em risco, mesmo no caso de um teste negativo, Graça Freitas afirmou que “isolar não é abandonar. Uma pessoa isolada não é uma pessoa abandonada”. A diretora-geral da saúde reiterou a ideia de que o isolamento de 14 dias — segundo orientações da Organização Mundial de Saúde que a DGS continua a seguir — serve para “proteger todos os outros que estão dentro da instituição”.

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Ainda assim, confirmou que este isolamento pode “trazer algum tipo de problemas, de circunstâncias menos favoráveis à saúde”. “Obviamente que se algum dia esta doença permitir que se chegue à conclusão de que o período de incubação é menor do que 14 dias, estaremos dispostos a rever esse período de isolamento.”

Questionada sobre a notícia que dá conta de que Instituto de Segurança Social está a rever a norma em questão, Graça Freitas esclareceu que “as normas estão sempre em revisão”, mas que até à data não houve nenhuma alteração do período de contágio “e pode nunca haver”. “Estamos sempre a rever as normas” no aspeto da ciência e da aplicabilidade, no sentido de esta ser “mais protetora” das crianças.

Muitas das transmissões em lares “têm origem nos movimentos de quem trabalha nessas entidades”

Questionada sobre os lares, Marta Temido disse que “muitas das situações de transmissão em lares têm origem naquilo que são os movimentos de quem trabalha nessas entidades”.  A ministra explicou que a forma de “contágio é decorrente de profissionais que vão e vêm” e que está em vigor uma política de testagem regular destes profissionais com “carácter aleatório”. Marta Temido salientou ainda que a utilização das técnicas de proteção individual “continuam a ser a melhor salvaguarda”.

“Nem todas as modalidades e nem todas as competições são iguais”

Referindo-se agora às modalidades desportivas, Graça Freitas explicou que as modalidades “não são tratadas da mesma forma em relação aos testes”, uma vez que existe “estratificação de risco”. A tendência, disse, é que se faça testes nas de alto risco, como é o caso do futebol. No extremos oposto, nas modalidades completamente individuais, “não há indicação para fazer testes”.

Já nas modalidades de risco médio “devem ser avaliadas as circunstâncias em si”. “Isto não é uniforme para todas as modalidade e para todas as competições”, disse Graça Freitas, explicando que o tema exige “muita ponderação”.
“Nem todas as modalidades e nem todas as competições são iguais.”