A QuantumScape promete ser um daqueles casos de estudo despoletados pela transição para a mobilidade eléctrica. A startup sediada em San Jose, na Califórnia (Estados Unidos da América), foi criada em 2010 no seio da Universidade de Stanford. Sucede que, no curto espaço de uma década, está prestes a passar de uma companhia avaliada actualmente em 700 milhões de dólares para 3,3 mil milhões. Um “salto” de gigante que vai ser dado, conforme avança a Reuters, por meio da fusão com a Kensington Capital Acquisition.
A operação deverá ficar concluída no final deste ano e conduzir ao lançamento da empresa na Bolsa de Nova Iorque – tudo com o propósito único de acelerar a produção e a venda das baterias sólidas desenvolvidas pela QuantumScape.
Ora, segundo revela a Reuters, a primeira a beneficiar deste negócio será a Volkswagen, que investiu 100 milhões de dólares em 2012 e mais 200 milhões em 2020 na empresa liderada por Jagdeep Singh. O fundador e CEO da QuantumScape admitiu, em entrevista, que o objectivo da empresa norte-americana é ser um fornecedor global de acumuladores. Porém, antes disso, é dada como certa uma joint venture com a Volkswagen para arrancar com a produção de baterias sólidas para o conglomerado germânico já em 2024.
Pormenores do projecto são desconhecidos. Mas o mesmo não acontece em relação às vantagens das baterias sólidas que, ao trocarem o electrólito líquido por um sólido (no caso da Quantum Scape, cerâmico, tipo vidro), não só garantem uma maior densidade energética – as melhores baterias do mercado, como as da Tesla, rondam os 250 Wh/kg, com a Quantum Space a falar em 400 Wh/kg – num volume mais compacto e leve, como reduzem o risco de incêndio. Isto porque, ao contrário do electrólito líquido, não se coloca a hipótese de derrame após um embate violento. Simultaneamente, a operação de recarga é mais rápida e a longevidade da bateria (número de ciclos de recarga) é superior aos acumuladores de iões de lítio. A este rol de vantagens junta-se ainda a promessa de a tecnologia ser mais acessível.
Teremos de esperar para confirmar, da mesma forma que aguardamos que outros avanços nesta área, inclusivamente a descoberta da portuguesa Maria Helena Braga, se consubstanciem numa solução industrializável. Mas tudo indica que as baterias da QuantumScape têm potencial para fazer a diferença, tanto mais que, além de aliciar o maior grupo automóvel do mundo, conseguiram “convencer” o visionário Bill Gates, entre outros. O facto de o conselho da QuantumScape ser composto por uma série de figuras respeitadas no que toca a baterias, como Jeffrey Brian Straubel – um dos fundadores da Tesla, que de momento está apostado na reutilização dos resíduos da Gigafactory Nevada – reforça a credibilidade da empresa.