Lewis Hamilton, que chegou a dizer que nunca o apanhariam a pilotar profissionalmente um carro de competição eléctrico, ficou com a última das oito equipas que vão disputar a temporada de estreia do Extreme E, cujos motores são… eléctricos e alimentados por bateria. E não há aqui qualquer incongruência, uma vez que o piloto inglês ao serviço da equipa alemã de F1 da Mercedes não vai conduzir o buggy, mas apenas dar nome à equipa numa competição que alinha pelas suas preocupações ambientais.

O Campeonato Extreme E vai arrancar em 2021 e nem arrisca desrespeitar o distanciamento social exigido devido à pandemia, uma vez que a época é composta por apenas cinco provas, distribuídas por alguns dos locais de mais difícil acesso no planeta, para chamar a atenção para os problemas ambientais. Os veículos utilizados são buggies 4×4, similares aos que disputam o Dakar e outras provas de todo-o-terreno, mas com motores eléctricos e alimentados por bateria.

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A aposta pela motorização eléctrica destes veículos, que nasceram originalmente para surfar a areia do deserto, compreende-se pelo facto de a organização pertencer a Alejandro Agag, o mesmo que criou a Fórmula E. O buggy Odyssey 21 é fabricado pela Spark Racing Technology, também envolvida na concepção e produção dos Fórmula E, monta dois motores que somam 544 cv, com um peso de somente 1650 kg, o que deixa antever baterias com reduzida capacidade. Daí que a competição seja realizada com mangas curtas, no formato de eliminação, até se apurar o vencedor.

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Agag chegou a realizar uma demonstração do Odyssey 21 no Festival de Velocidade de Goodwood, em 2019, na esperança de atrair construtores desejosos de participar na competição, tanto mais que o buggy foi concebido para poder mudar de “face” e assemelhar-se a veículos de série. Mas nenhum fabricante mostrou interesse, pelo que Hamilton será uma das melhores possibilidades de chamar a atenção para um campeonato que se propõe deslocar centenas de pessoas, camiões e carros, bem como sistemas para recarregar as baterias destes últimos, para regiões onde, segundo a organização, os ecossistemas são frágeis. Ken Block já conduziu o Odyssey 21 e diz como é:

O campeonato vai começar com o X Prix do Oceano (23 e 24 de Janeiro), disputado no Laro Rosa, no Senegal, para depois seguir para Al-Ula, na Arábia Saudita (6 e 7 de Março), para o X Prix do Deserto. A etapa seguinte é no Nepal (14 e 15 de Maio), no vale glaciar de Kali Gandaki, onde se irá realizar o X Prix do Glaciar, de onde os concorrentes seguirão para a Gronelândia (28 e 29 de Agosto), onde os espera o X Prix do Árctico. A época encerra com o X Prix da Amazónia (30 e 31 de Outubro), no Brasil, em plena floresta tropical.