O PSD apoia formalmente Marcelo Rebelo de Sousa, nas eleições presidenciais de 2021. Não só porque, para o partido, é “o candidato que dá mais garantias de equilíbrio”, mas também porque os “projetos de rutura” dos restantes candidatos são “de elevado risco”.
Rui Rio começou por anunciar na noite desta sexta-feira, em Olhão, que havia sido aprovada pela Comissão Política Nacional do PSD uma moção de apoio à recandidatura do atual Presidente da República. A moção acabou mais tarde por ser aprovada pelo Conselho Nacional — o órgão máximo entre Congressos — com 61 votos a favor, nove abstenções e nenhum voto contra, apurou o Observador.
Os Portugueses, maioritariamente, pedem estabilidade, ponderação e moderação aos decisores políticos e rejeitam as ameaças de crises políticas artificiais que em nada contribuem para a superação da grave crise económica e social em que estamos mergulhados”, lê-se na moção a que o Observador teve acesso.
A Comissão Polícia reconheceu que “o superior interesse nacional” tem de se sobrepor “às estratégias partidárias, aos projetos e ambições pessoais e às derivas radicais que dividem em vez de unir e mobilizar os portugueses para os desafios que os tempos difíceis anunciam”.
O partido admite que o lançamento nas duas últimas semanas de três candidaturas (Ana Gomes, Marisa Matias e João Ferreira a juntarem-se a André Ventura) motivou “uma decisão rápida e clara”. Isto porque estes “candidatos personalizam projetos de rutura que, no momento histórico que atravessamos, se afiguram de elevado risco para uma superação mais rápida e mais tranquila das dificuldades que o País tem pela frente”.
O atual Presidente da República é o candidato que nos dá mais garantia de equilíbrio e unidade nacional no quadro da crise que Portugal atravessa”, defende a Comissão Nacional do PSD.
Na moção, o partido admite que, ao longo do primeiro mandato de Marcelo, “nem sempre” esteve “concordante com todas as posições políticas por ele assumidas” — o que “é normal”. “Estamos conscientes que o exercício do mais alto cargo da Nação implica uma ação política transversal e desligada de fidelidades partidárias”, indica a Comissão Política, lembrando:
Marcelo Rebelo de Sousa é, desde a primeira hora, militante do Partido Social Democrata. Foi o seu dirigente e Presidente e deixou uma marca distintiva na sua cultura política e na sua história“, lê-se também.
Certo é que Marcelo Rebelo de Sousa ainda não anunciou a recandidatura — o que, para o PSD, é “compreensível” e “desejável” para evitar “condicionar cedo demais o exercício das suas funções”. “Principalmente quando, na presente conjuntura, terão de ser tomadas, no próximo mês de Outubro, um conjunto de decisões políticas da maior importância para o nosso futuro coletivo”, argumenta a Comissão Política. Já no final da Moção é ainda deixado o desejo de que a recandidatura seja “vontade” de Marcelo, mas também a garantia de o partido respeitará “o momento político que entenda escolher para anunciar a sua decisão ao País”.
O Conselho Nacional do PSD esteve reunido desde as 21h, num hotel em Olhão, no Algarve — a primeira reunião deste órgão desde o Congresso de fevereiro que devia ter acontecido logo em março, mas foi adiada devido à pandemia.
O apoio do PSD foi formalizado pouco depois de o presidente do PSD ter dito, à entrada do Conselho Nacional, que não se sentia pressionado pelas palavras do Presidente da República. Isto porque Marcelo Rebelo de Sousa tinha dito que os partidos da oposição que aspiram a liderar o Governo devem garantir a aprovação do Orçamento do Estado, mesmo que a esquerda o reprove:
“Não me passa pela cabeça que o Orçamento seja chumbado. É o líder da oposição que…aliás, por muito menos do que isso eu viabilizei três orçamentos do primeiro-ministro António Guterres. E com o meu partido, uma parte dele sublevado, a não gostar nada, a protestar, com parte do eleitorado a protestar. É do bom senso meridiano”.
Mas Rui Rio recusou qualquer pressão: “Se o senhor Presidente da República disse que deve haver Orçamento do Estado e não deve haver uma crise, a pressão não é para mim, é para a solução encontrada: PCP, BE, PS ou PS só com um”.
O apoio da Comissão Política do PSD anunciado por Rio esta noite — e inicialmente noticiado pela Lusa — acabou por ser ratificado pelo órgão máximo do partido já passava da meia-noite. Além do anúncio do apoio a Marcelo, o Conselho Nacional do PSD aprovou também uma resolução à Comissão Política Nacional para poder celebrar “acordos quadros nacionais de coligação” e ratificar coligações locais para as autárquicas com outros partidos — com a exceção do Chega.
Leia aqui a moção completa do Conselho Nacional do PSD
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“Será em contexto de uma dupla crise, sanitária e económica, que se realizarão as próximas eleições para a Presidência da República.
O ambiente de incerteza e de contingências que se vive na sociedade portuguesa, agravado por uma solução governativa instável e com elevados riscos de radicalização, conferem à próxima eleição do mais alto magistrado da Nação um papel decisivo no equilíbrio e normal funcionamento das instituições que sustentam o sistema político.
Os Portugueses, maioritariamente, pedem estabilidade, ponderação e moderação aos decisores políticos e rejeitam as ameaças de crises políticas artificiais que em nada contribuem para a superação da grave crise económica e social em que estamos mergulhados.
É o superior interesse nacional que terá de sobrepor-se às estratégias partidárias, aos projetos e ambições pessoais e às derivas radicais que dividem, em vez de unir e mobilizar os Portugueses para os desafios que os tempos difíceis anunciam.
É compreensível — e desejável — que um Presidente da República procure protelar no tempo um anúncio de recandidatura, evitando, assim, condicionar cedo demais o exercício das suas funções. Principalmente quando, na presente conjuntura, terão de ser tomadas, no próximo mês de Outubro, um conjunto de decisões políticas da maior importância para o nosso futuro coletivo.
Entretanto, nas últimas duas semanas, o País, assistiu ao lançamento de três candidaturas às próximas eleições presidenciais: Ana Gomes, Marisa Matias e João Ferreira a somar à já anteriormente anunciada de André Ventura.
Estas candidaturas, que com a decisão de Marcelo Rebelo de Sousa, representarão de facto o conjunto das alternativas presidenciais, tornam a partir deste momento ainda mais importante para os eleitores do PSD uma decisão rápida e clara do partido.
Marcelo Rebelo de Sousa é, desde a primeira hora, militante do Partido Social Democrata. Foi o seu dirigente e Presidente e deixou uma marca distintiva na sua cultura política e na sua história.
O atual Presidente da República é o candidato que nos dá mais garantia de equilíbrio e unidade nacional no quadro da crise que Portugal atravessa. Todos os demais candidatos personalizam projetos de rutura que, no momento histórico que atravessamos, se afiguram de elevado risco para uma superação mais rápida e mais tranquila das dificuldades que o País tem pela frente.
É normal que, ao longo do seu primeiro mandato, o PSD nem sempre tenha estado concordante com todas as posições políticas por ele assumidas, mas estamos conscientes que o exercício do mais alto cargo da Nação implica uma ação política transversal e desligada de fidelidades partidárias.
Assim, perante as presentes circunstâncias, o Conselho Nacional do Partido Social Democrata decide, desde já, sob proposta da Comissão Política Nacional, declarar o seu apoio à candidatura de Marcelo Rebelo de Sousa à Presidência da República, desejando que seja também essa a sua vontade e respeitando o momento político que entenda escolher para anunciar a sua decisão ao País.”