Portugal voltou esta quinta-feira a furar o patamar dos 1.000 novos casos em 24h, confirmou o boletim diário da Direção-Geral de Saúde (algo que tinha sido pré-anunciado pelo secretário de Estado da Saúde, durante a manhã). A superação da marca dos 1.000 casos diários aconteceu um pouco mais tarde do que o primeiro-ministro, António Costa, tinha admitido (há cerca de duas semanas), mas confirmou-se esta quinta-feira: nas últimas 24 horas registaram-se 1.278 novos contágios, o que faz deste o segundo pior dia desde que começou a pandemia. Houve, também, 10 óbitos, quase todos com mais de 80 anos de idade.

Pior do que 8 de outubro, só mesmo o dia 10 de abril, em que foram confirmados 1.516 novos casos de infeção pelo novo coronavírus. Nas contas totais da pandemia, até ao momento só em três ocasiões se registaram números tão elevados, acima do milhar: o dia 31 de março, com 1.035, ocupa o terceiro lugar deste tão pouco desejável pódio. Se fizermos as contas ao top 10, outubro destaca-se com seis dos piores dias de sempre. Desde que o mês começou, há apenas oito dias, já foram confirmados 6.992 novos casos de SARS-CoV-2 em Portugal.

Uma diferença considerável: enquanto esta quinta-feira morreram dez pessoas, a 31 de março morreram 20 e a 10 de abril foram 26 os óbitos. Outra: enquanto esta quinta-feira o número de doentes internados subiu para 801, 115 deles em unidades de cuidados intensivos, a 31 de março havia 627 pessoas internadas, 188 em UCI, e a 10 de abril estavam hospitalizados 1.179 pacientes por causa da Covid-19, 226 deles em UCI.

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Apesar de estar longe dos registados no considerado pico da pandemia, o número esta quinta-feira registado é o mais elevado desde 11 de maio, dia em que havia 805 internados. Ainda assim, garantiu esta quarta-feira o secretário de Estado da Saúde, Diogo Serras Lopes, o Serviço Nacional de Saúde continua a dar resposta aos novos casos, com a taxa de ocupação dos hospitais entre os 70% e os 80%.

Por outro lado, o boletim aponta para mais 480 doentes recuperados nestas 24 horas, elevando o total até ao momento para 51.517 pessoas que tiveram a doença e recuperaram. Somando esse número total ao número de óbitos, porém, ficam a faltar 28.967 pessoas – que correspondem, portanto, ao número de “casos ativos” neste momento. Esse número de casos ativos subiu em 788 nestas últimas 24 horas e basicamente duplicou desde o início de setembro.

Ao mesmo tempo que saíam os números da DGS, a ministra Mariana Vieira da Silva comentava no final da reunião do conselho de ministros: “Os números que estamos a conhecer neste momento são os que tínhamos previsto que acontecessem e é nesse quadro de avaliação da evolução da pandemia que na próxima semana tomaremos decisões”.

O boletim da DGS indica também que nove dos 10 mortos registados tinham mais de 80 anos. O outro tinha entre 70 e 79 anos de idade. Até ao momento, de entre um total de 2.050 mortes associadas à Covid-19, 1.778 pessoas tinham mais de 70 anos, isto é, quase 87%.

Além disso, regista-se que metade das infeções (50,2%) confirmadas nas últimas 24 horas dizem respeito a análises feitas no norte do País — onde aconteceram também cinco das dez mortes.

Já a Região de Lisboa e Vale do Tejo acumulou 37,7% das novas infeções; valor que cai para os 7,9% na zona Centro e se torna ainda mais residual nas restantes regiões portuguesas. O Algarve tem 2,3% das novas infeções, a Madeira tem 0,8%, o Alentejo 0,7%, e os Açores 0,3%.