Longe vão os tempos em que a Alemanha dominava o futebol europeu e até mundial. Longe vão os tempos em que a Alemanha conquistou o Mundial 2014. Longe vão os tempos em que a Alemanha era intocável. E, por associação, longe vão os tempos em que o selecionador Joachim Löw era tido como um dos mais pragmáticos do mundo. E se um qualquer adepto de futebol repara nessa diferença temporal, ainda mais reparam os alemães — principalmente aqueles que já representaram a Alemanha dentro de campo.

Na última semana, a seleção alemã empatou com a Turquia num encontro particular e venceu de forma tangencial a Ucrânia já a contar para a Liga das Nações. O primeiro jogo, disputado em Colónia, foi a partida da Alemanha com menor audiência televisiva em 14 anos, desde 2006, e mereceu críticas duras por parte de Matthäus, antigo capitão da seleção. “A Alemanha desperdiçou uma vantagem pela quinta vez nos últimos três jogos. Só com a Turquia, aconteceu três vezes. Mais uma vez, o Joachim Löw cometeu erros táticos com as substituições que fez que acabaram por custar-lhe a vitória”, disse o antigo jogador do Bayern Munique, que criticou ainda o facto de o onze inicial da equipa contar com elementos que não são titulares nos respetivos clubes, como Rüdiger no Chelsea ou Dahoud e Schulz no Borussia Dortmund.

FBL-EUR-NATIONS-GER-TRAINING

O selecionador alemão tem sido muito criticado pelas escolhas que tem feito, tanto no onze inicial como nas substituições

“Os adeptos querem ver a primeira equipa, não querem ver os substitutos. Sendo que alguns deles nem sequer são titulares nos respetivos clubes. Não consigo entender como é que podes representar a Alemanha quando és a segunda ou a terceira escolha no teu clube”, terminou Matthäus. Seguiu-se o encontro com a Ucrânia, em Kiev, que terminou em vitória com golos de Ginter e Goretzka mas viu um penálti de Malinovskyi no último quarto de hora ameaçar a vantagem. E desta feita, foi a vez de Schweinsteiger aparecer em rota de colisão com Löw.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

“Faltam automatismos, que são necessários se queres ser uma das melhores equipas da Europa. Infelizmente os jogadores já não se conseguem identificar a 100% com a seleção e isso é uma pena. Perdemos o futebol atrativo”, atirou o antigo internacional alemão. Certo é que, esta terça-feira e contra a Suíça, a Alemanha podia chegar à segunda vitória consecutiva e continuar na perseguição à liderança do Grupo 4 da Liga das Nações, onde a Espanha está no primeiro lugar com mais dois pontos.

Kai Havertz era o titular na frente de ataque, Gnabry e Werner também jogavam de início e Kimmich e Kroos eram os elementos do meio-campo. Waldschmidt, avançado do Benfica, era suplente, enquanto que Seferovic jogava de início na seleção suíça, assim como Shaqiri e Xhaka, médios do Liverpool e do Arsenal. O jogo começou da pior maneira para a Alemanha, com Gavranovic a abrir o marcador logo à passagem dos primeiros cinco minutos: Freuler cabeceou em formato vólei de fora da grande área, a defesa alemã acho que o avançado estava fora de jogo mas o jogador do Dínamo Zagreb estava legal e acabou por bater Neuer (5′).

Ainda antes da meia-hora, as coisas complicaram-se ainda mais para a equipa de Joachim Löw. Depois de assistir Gavranovic, Freuler também marcou com um pormenor delicioso na sequência de uma boa assistência de Seferovic, que rasgou toda a defesa alemã com um passe da esquerda para a direita (26′). Instantes depois, porém, Werner reduziu a desvantagem com um remate cruzado após um passe de Havertz e a combinação dos jogadores do Chelsea acabou mesmo por ser o melhor que a Alemanha fez durante toda a primeira parte — algo que não era suficiente para estar a ganhar ou sequer a empatar e ia oferecendo a vitória à Suíça.

Na segunda parte, Havertz empatou o resultado logo à passagem dos primeiros dez minutos: o reforço do Chelsea intercetou um passe ainda no meio-campo suíço, conduziu até à grande área adversária e rematou rasteiro a partir da direita (55′). No minuto seguinte, Gravanovic bisou com uma recarga na sequência de uma dupla tentativa falhada de Seferovic (56′) e Gnabry, logo depois, empatou novamente a partida com um desvio brilhante de calcanhar após passe de Werner (60′).

Até ao fim, Seferovic saiu já perto do apito final e a Alemanha não foi mesmo além do empate com a Suíça — que só não teve consequências maiores porque Espanha perdeu em Kiev e encurtou para um ponto a vantagem na liderança do Grupo 4 da Liga das Nações, ainda que a Ucrânia tenha igualado os alemães. A seleção alemã continua sem impressionar, assentou no talento de Gnabry para resgatar um empate que a dada altura parecia ser complexo de atingir e tanto Matthäus como Schweinsteiger têm cada vez mais razão. Atualmente, a Alemanha está num “new Löw” e está praticamente irreconhecível.