O Sindicato dos Trabalhadores de Arqueologia (STArq) qualificou como “correta” a decisão ministerial de manter no local os vestígios arqueológicos islâmicos encontrados na Sé de Lisboa, disse o seu presidente.

Em declarações à agência Lusa, o dirigente do STArq, Regis Barbosa, afirmou que a decisão da ministra da Cultura, Graça Fonseca, anunciada na quarta-feira, “é a correta e devia ter sido tomada há muito mais tempo”.

Regis Barbosa criticou a atuação da Direção-Geral do Património Cultural (DGPC) neste processo, pois “não defendeu o património como determina o seu papel”.

O responsável expressou, todavia, preocupação quanto à reformulação do projeto, contestando a construção de um edifício de betão, o criptopórtico, previsto para o claustro da Sé, e defendeu uma maior participação dos trabalhadores de arqueologia, nomeadamente os conservadores-restauradores, “com a necessária autonomia” nas reuniões de obra.

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Em comunicado divulgado na quarta-feira, o Ministério da Cultura revelou que “face aos mais recentes achados arqueológicos, e tendo em conta o valor patrimonial das estruturas descobertas, decidiu, em diálogo com o Patriarcado de Lisboa”, que estes “devem ser conservados, musealizados e integrados no projeto de recuperação e musealização da Sé Patriarcal de Lisboa”.

A ministra da Cultura “deu orientações para que a proposta arquitetónica do núcleo museológico seja adaptada no sentido da sua salvaguarda e valorização ‘in situ’ dos vestígios encontrados”, acrescenta o comunicado.

O projeto de “recuperação e valorização da Sé Patriarcal de Lisboa” deu origem à descoberta de vestígios da antiga mesquita almorávida, do século XII, permitindo perceber que ocupava todo o quarteirão, com banhos, escolas e a mesquita dos mortos, entre outras estruturas, cuja manutenção no local é defendida pelos investigadores.

No início deste mês, os professores universitários na área da arqueologia tomaram uma posição pública tendo afirmado, em comunicado, que os vestígios arqueológicos encontrados na Sé de Lisboa “são inequívocos quanto à excecionalidade científica e patrimonial dos achados”.

A decisão da ministra, agora anunciada, surge depois de a DGPC ter decidido pedir um parecer da Secção do Património Arquitetónico e Arqueológico (SPAA) do Conselho Nacional de Cultura, sobre a projetada exumação de parte dos vestígios islâmicos encontrados nas escavações, depois de conhecidas críticas, de diversas da comunidade científica, à projetada retirada dessas estruturas, que originaram também pedidos de esclarecimento ao Governo, do PCP e do BE.

A desmontagem esteve prevista, como a DGPC explicou em setembro, para garantir a estabilidade do edifício e a viabilização do projeto de recuperação dos claustros.

No próxima quarta-feira a SPAA do Conselho Nacional de Cultura reúne-se para ouvir o arquiteto Adalberto Alves, autor do projeto de requalificação do claustro da Sé, disse à Lusa fonte oficial.