O Movimento por um Jardim na Boavista, no Porto, afirmou esta sexta-feira que a aprovação do Pedido de Informação Prévia (PIP) do El Corte Inglés para a antiga estação ferroviária da Boavista abre porta à “destruição de património”.

“Esta decisão da Câmara, caso se concretize, para a construção de mais um centro comercial e hotel num terreno de domínio público, abre portas à destruição do património histórico da antiga estação ferroviária do Porto-Boavista e desperdiça uma excelente oportunidade para ampliar a tão necessária área verde da cidade, implementando um jardim nos terrenos da antiga estação”, afirma o movimento, em comunicado.

A Câmara do Porto confirmou à Lusa no dia 2 de outubro que o Pedido de Informação Prévia (PIP) apresentado pelo El Corte Inglés para o terreno da antiga estação ferroviária da Boavista, teve parecer favorável da autarquia, com “a indicação das várias condições que deverão ser cumpridas no âmbito de um pedido de licenciamento da operação de loteamento”.

O movimento realça que a aprovação do PIP motivou “um aumento extraordinário” do número de assinaturas da petição pública criada em setembro de 2019 para instalar um jardim naquele local, tendo, num curto espaço de tempo, “duplicado”, ultrapassando já os 9.000 subscritores.

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“Deu origem também ao aparecimento espontâneo de propostas visuais de designers e outros artistas sobre como poderia ser concebido um espaço verde naquele local, ao invés de mais um centro comercial a juntar a tantos outros na área e, que, a concretizar-se, aumentará o trânsito automóvel na zona e ofuscará a imponência do edifício da Casa da Música e da própria Rotunda da Boavista”, assinalam os peticionários.

Ao Movimento por um Jardim na Boavista preocupa a “insistência” da CMP [Câmara Municipal do Porto] no apoio a este projeto, assim como a “falta de resposta e disponibilidade para o diálogo por parte do Ministro das Infraestruturas e da Habitação (IP), Pedro Nuno Santos e do Secretário de Estado das Infraestruturas, Jorge Delgado, às várias interpelações feitas pelo Movimento”.

Perante a “clara demonstração de repúdio” dos cidadãos face às intenções de construção do El Corte Inglés, o movimento espera que a autarquia e a IP, proprietária do terreno, “tomem em consideração a vontade dos cidadãos, que não querem mais um espaço comercial no centro do Porto”.

Pedem que se torne “possível a ampliação dos espaços verdes no centro da cidade”, deferindo o pedido de classificação da antiga estação ferroviária do Porto-Boavista, que o movimento apresentou à câmara no passado mês de junho.

A Lusa pediu uma reação à Câmara do Porto, mas até ao momento sem sucesso.

O El Corte Inglés pagou à Infraestruturas de Portugal 18,7 milhões de euros, tendo, em outubro de 2019, submetido um PIP para a construção de um grande armazém comercial, de um hotel e de um edifício de habitação comércio e serviços.

O projeto da cadeia espanhola para a antiga estação ferroviária tem sido alvo de contestação, tendo levado, um grupo de cerca de 60 personalidades ligadas à academia e ao património ferroviário a pedir a classificação como imóvel de interesse público daquele local, defendendo a importância da preservação da antiga estação ferroviária, em risco se o projeto do El Corte Inglés avançar.